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Hospitais privados: Investimento alavanca receita

 

Uma elite de 34 hospitais privados, reunidos na Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), tem registrado resultados proporcionais a seus investimentos em melhor padrão de qualidade de atendimento e em excelência na gestão de seus negócios. Dados mais recentes da entidade apontam que o faturamento estimado dos associados cresceu 12,8% em 2005, para R$ 4,46 bilhões. Isso se refletiu em aumento do número de funcionários e dos investimentos em capacidade instalada em 2006.
Segundo Adriano Mattheis Londres, vice-presidente da Anahp e diretor da Clínica São Vicente, do Rio de Janeiro, o grupo deve manter o ritmo de expansão. "Temos um compromisso inalienável com a assistência e serviços de qualidade, com a melhor aplicação dos recursos disponíveis." Os hospitais da entidade têm uma das maiores relações equipamento por leito do Brasil. São 7,2 tomógrafos por leito, por exemplo, comparados a 4,5 tomógrafos por leito na rede privada não filiada à associação. O índice cai para 1,2 equipamento na rede pública.
Os hospitais da Anahp têm de obter acreditação junto a órgãos certificadores como a Joint Comission International (JCI) e a Organização Nacional de Acreditação (ONA) e investir na qualificação de seus profissionais. Em 2005, as horas de treinamento das equipes desses hospitais cresceram 40,7%, de 15,7 para 22 horas de treinamento por pessoa. Os investimentos se refletem na redução do tempo médio de permanência e nas baixas taxas de mortalidade e de infecção hospitalar.
Adriano Londres acredita que a expectativa de crescimento da economia este ano irá se refletir no crescimento do setor, já que hoje a maioria dos planos de saúde é contratada por empresas.
Ele critica, no entanto, a falta de comprometimento do governo com o setor. "O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não inclui investimentos em saúde. É incompreensível existir toda uma articulação do governo federal para discutir padrão de TV digital sem o mesmo tipo de empenho para discutir o padrão de saúde do País."
Nova gestão foca ganho de escala
Financiar uma operação econômica onde os custos crescem mais que a receita é o maior desafio dos hospitais privados hoje no País. Para o administrador de empresas André Staffa Filho, que acaba de assumir a presidência do Hospital São Luiz, após 13 anos no comando da diretoria financeira, a equação pode ser resolvida com ganho de escala, racionalização dos custos internos e um programa de excelência assistencial que, além de envolver médicos e pacientes, atinge também outros usuários.
O ganho de escala será obtido com a expansão da rede. Além da inauguração da terceira unidade do grupo, o Anália Franco, na zona Leste de São Paulo, a empresa pretende ter mais dois hospitais na capital paulista no prazo de cinco anos e mais sete em outras grandes cidades, com foco maior nas capitais da região Sudeste. Para essa empreitada, serão necessários ao redor de R$ 500 milhões. "Desse valor, 60% a 70% será obtido por meio de parcerias", afirma Staffa.
O modelo já foi adotado para a construção da unidade Anália Franco. Um road show pelo Brasil e no exterior levantou interessados para a formação de um condomínio de investidores que levantou parte dos R$ 140 milhões necessários para construção – R$ 80 milhões no prédio, construído pela Porte Construtora.
"Não se trata de um fundo imobiliário, mas pessoas físicas e jurídicas, brasileiras e estrangeiras," diz Staffa, sem revelar nomes. O maior condômino tem 13,5%, a cota mínima é de 5%. O São Luiz investiu R$ 60 milhões em equipamentos, valor levantado com um financiamento de US$ 33 milhões junto ao Banco Mundial.
Foi assim também com a unidade Morumbi, comprada em 2000 por R$ 40 milhões.
O São Luiz ficará encarregado apenas de implantar a expertise desenvolvido desde sua fundação, há 65 anos, por Alceu de Campos Rodrigues, Renato Fairbanks Barbosa e Paulo Gomes Carneiro. Nas últimas décadas, o hospital foi comandado pelos genros de Campos Rodrigues – Hélio Vasone e Ruy Marco Antonio.
A transição para a terceira geração de gestores será marcada pela profissionalização, com Staffa à frente. Os principais executivos das famílias controladoras passam a atuar no Conselho de Administração, junto a profissionais do mercado. Os escritórios de advocacia Peppe & Bonavita e Motta, Fernandes Rocha estão encarregados da formatação do novo conselho.
Este é o primeiro passo do projeto, que prevê a abertura de capital em três a quatro anos, afirma Staffa. Com faturamento de R$ 390 milhões em 2006 e margem de rentabilidade na faixa de 11% a 12%, o executivo diz que o setor de saúde começa a atrair o olhar dos investidores devido à crescente demanda da sociedade, cada vez mais longeva, por qualidade de atendimento.
"A queda de juros, a economia estável e o amadurecimento da gestão das empresas também contribuem para inversões em um mercado em expansão." Segundo Staffa, hospital é um dos serviços mais complexos de se administrar. "É uma prestação de serviços a pessoas fragilizadas em um ambiente de alta dose de estresse, tanto dos funcionários como dos clientes."
O São Luiz investe entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões por ano em treinamento, para obter melhor qualidade de atendimento, considerado um grande diferencial na disputa por uma fatia do setor hospitalar privado. "Hoje concorremos com 20 hospitais privados de excelência."
A empresa é certificada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e pelo organismo holandês Raad voor Accreditatie (RvA), diz Staffa, que tem pós-graduação em Métodos Quantitativos e Informática pela Fundação Getulio Vargas (FGV).