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Hospitais psiquiátricos pedem aumento de recursos à Sesa

O Hospital Filadélfia, de Marechal Cândido Rondon, Região Oeste do estado – único que presta serviços integrais de psiquiatria num raio de 190 quilômetros – cumpriu a promessa feita à Secretaria de Estado de Saúde (Sesa) no ano passado e reduziu pela metade a oferta de vagas de internamento. Desde o dia 6 de março, apenas 120 leitos estão disponíveis. A decisão é uma resposta à falta de acordo para o repasse adicional de recursos e deve culminar com o encerramento total das atividades até junho, caso os valores pagos não sejam reajustados.

 

Para evitar que mais casos como esse se repitam, agravando a situação precária do atendimento de psiquiatria no estado, representantes dos hospitais vão entregar para o governo estadual uma carta reiterando o pedido de aporte financeiro. A diretora de Psiquiatria da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), Maria Emília Mendonça, espera o repasse de R$ 3 milhões, previsto em uma emenda parlamentar ao orçamento estadual, para dar fôlego aos hospitais.O reajuste constante dos remédios – especialmente dos antidepressivos – é apenas um dos argumentos usados pelos representantes para pressionar por mais recursos. “Muitos estão recorrendo a empréstimos bancários para poder manter o nível de assistência”, conta. O hospital de Marechal Cândido Rondon decidiu não entrar na lista de endividados. A direção oficiou a Sesa em junho de 2006, informando que a situação estava insustentável. De acordo com a carta, o prejuízo acumulado em 2006 foi de R$ 856 mil e a previsão para este ano seria de R$ 830 mil.
A abrangência do Filadélfia é de 102 municípios e o hospital mais próximo, depois das unidades menores de atendimento em Foz do Iguaçu e Cascavel, fica em Umuarama. O secretário municipal de Saúde de Marechal Cândido Rondon, Elmir Port, já enfrenta problemas por conta da redução de vagas. “Tivemos pedidos de internamento nesta semana e não tivemos para onde mandar”, conta. A esperança do gestor é que a legislação permita que os municípios do entorno possam ajudar financeiramente a instituição.
A situação também beira o inevitável no Hospital de Psiquiatria de Londrina. De acordo com a diretora de enfermagem, Mara Silvestre, o gasto diário é de R$ 78 por leito e o valor repassado não chega nem à metade. “Estamos resistindo em função da necessidade de atendimento”, afirma. O hospital vai fazer 50 anos em 2007 e está trabalhando no vermelho há mais de uma década. Único de atendimento integral numa área de um milhão de habitantes, o hospital negocia com a prefeitura de Londrina uma suplementação de recursos para não diminuir a oferta dos 200 leitos.

Justiça
Os hospitais psiquiátricos esperam o desfecho de uma batalha judicial que travam com o governo federal, cobrando o reajuste da tabela de valores pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto o caso corre na Justiça, a única saída encontrada foi pedir para a Sesa uma suplementação de verbas, tentando diminuir os prejuízos. Como o governo estadual acenou com a possibilidade de ajudar, os hospitais mantiveram os serviços à comunidade. Até o fechamento desta edição, a Sesa não se manifestou sobre o socorro financeiro solicitado.

 

 

Parâmetros

 

 

A Organização Mundial da Saúde preconiza, com base em indicadores de saúde mental, que deve existir um leito de psiquiatria para cada grupo de mil habitantes.

Já o Ministério da Saúde recomenda a manutenção de 0,45 leito de psiquiatria para cada grupo de mil habitantes.

De acordo com a Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), atualmente existem, no estado, 0,23 leito de psiquiatria para cada grupo de mil habitantes.