BRASÍLIA – A proibição pelo governo de exigência de cheque-caução pelos hospitais que atendem a clientes de planos de saúde não está protegendo totalmente o consumidor. Pelo menos 57% dos hospitais da Grande São Paulo apontaram como maior problema no relacionamento com operadoras a demora na autorização de internações, segundo pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde e Laboratórios (Sindhosp) revelada ao Jornal do Brasil pelo presidente do sindicato, Dante Montagnana.
– Nem todas as operadoras têm atendimento 24 horas. O hospital é obrigado a atender a emergências. Recebe um paciente vítima de acidente de carro em uma sexta-feira às 23h, faz todos os procedimentos e, na segunda-feira, a operadora informa que o segurado está inadimplente e não tinha direito à operação. Quem fica com o prejuízo? O hospital – diz.
O presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Casas de Saúde do Rio de Janeiro (Sindhrio), Adriano Londres, é contra o cheque-caução, mas acusa o governo de ter eliminado “a ponta do iceberg”.
– A caução foi proibida sem que haja fiscalização sobre as autorizações. Não é grave apenas para urgências. Uma idosa, por exemplo, que vá operar catarata, que não é emergência, merece ficar horas esperando autorização? – questiona. Londres ressalta que a guerra entre hospitais e planos é desigual, 11% das mais de duas mil operadoras do país abocanham 80% do mercado.
– Há muitos fornecedores, que se tornam vulneráveis, e poucos compradores com enorme poder de pressão.
O diretor do Instituto Brasileiro de Oftalmologia, Celso Klejnberg, criticou a ANS, citando os reajustes das mensalidades em percentuais menores do que a inflação.
– A conseqüência são operadoras que recusam até a pagar um simples reembolso de uma consulta.
Procurada pelo JB, a direção da ANS não respondeu.