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Hospital de Clínicas faz festa para transplantados

De vestido branco, o cabelo comprido castanho balançando de um lado para o outro, Camila Fernanda Frizzo não parava quieta na cadeira, ontem de manhã, mal esperando a hora que subiria ao palco para dizer sua fala. Também na mesa, a mãe, Ivonete Aparecida Frizzo, tinha motivos de sobra para estar orgulhosa. ”A Camila foi um milagre”, repetia, ao contar a história da menina, que nasceu com Leucemia Mielóide Aguda, um tipo de câncer que afeta os tecidos que produzem o sangue, na medula óssea.

 

Com 30 dias de vida, Camila teve a doença diagnosticada, aos dois meses começou a fazer quimioterapia, entre um ano e quatro meses e os dois anos e meio permaneceu internada, para submeter-se a dois transplantes de medula óssea. Quase oito anos depois, Camila não tem mais nenhum resquício da doença. Junto com dezenas de crianças e adultos, comemorava, ontem, na festa anual que o Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) promove há 26 anos, para os pacientes que receberam transplante.

 

”Uma pessoa em cada 100 mil tem algum tipo de hematologia que necessita de transplante de medula. É uma incidência rara, mas é importante que as pessoas se cadastrem para ser doadoras, porque quando mais doadores existirem mais chances os pacientes terão em encontrar alguém compatível”, explica o médico Jefferson Ruiz.

 

Cerca de 40% dos pacientes encontram um doador dentro da própria família, mas 60% têm que recorrer ao cadastro nacional e internacional de medula. Nesse caso, apenas um paciente a cada 1 milhão encontra um doador não aparentado que seja compatível com ele, ou seja, a probabilidade é extermamente baixa. O transplante de medula óssea é indicado para várias doenças, sendo a anemia plástica severa, a de maior incidência. A medula óssea é a parte interna dos ossos onde são produzidas as células sanguíneas.

 

Camila teve sorte. Sem doador compatível na família, ela recebeu dois transplantes, de um doador da Espanha e outro dos Estados Unidos, ambos de células do cordão umbilical. O processo foi sofrido. Como o primeiro transplante não deu certo, ela ficou três meses sem medula, até encontrar um novo doador.

 

Para Eliel Costa do Nascimento, hoje com 19 anos, tudo aconteceu muito rápido. Aos nove anos e morando em Brasília, ele teve diagnosticada anemia plástica severa. O médico lhe deu apenas seis meses de vida, caso não conseguisse um transplante logo. O pai, Edmilson Nascimento lembra as datas: dia 14 de dezembro de 1996 a família viajou de Brasília para Curitiba, em busca de tratamento no HC, dia 15 o menino fez a primeira consulta e dia 1º de fevereiro recebeu a medula, doada pela irmã Élia, então com 17 anos.

 

”Quase morri. Desestruturou tudo”, lembra a mãe, Maria Edileide. ”Quando Deus entrou no caminho, tudo deu certo”, diz Eliel, que hoje só precisa se submeter a exames de controle a cada dois anos.

 

O TMO do HC começou a funcionar em 1979, e é pioneiro na América Latina. Está hoje entre os 16 serviços do mundo que realiza mais de 100 procedimentos por ano, respondendo por 40% dos transplantes realizados no País.