Os cerca de 7,4 mil profissionais ativos do DF tiveram motivos para festejar, ontem, o Dia do Médico. Para os da área pública, por exemplo, a conquista do plano de carreira no GDF e o bom posicionamento de Brasília no ranking de qualidade do Sistema Público de Saúde. Mas ainda faltam ser resolvidas deficiências antigas, como a superlotação dos hospitais e o crescente do número de migrantes das regiões do entorno que abarrotam as clínicas e hospitais do DF.
Para o presidente do Conselho Regional de Medicina do DF, Eduardo Guerra, os médicos podem comemorar o fato de a classe aparecer constantemente em boas colocações nas pesquisas que relatam a relação de confiança entre a sociedade e os profissionais.
– Nós só perdemos para os professores e para o Corpo de Bombeiros, o que mostra que mesmo com todas as adversidades, nós ainda conseguimos exercer um papel de destaque – acredita.
Porém ele afirma que pesquisa feita pelo Conselho Federal de Medicina no ano passado, que traçou o perfil do médico brasileiro, não foram entusiasmantes e denunciam principalmente o excesso de trabalho e a diminuição da renda média do profissional ativo. Segundo o estudo, 70% dos médicos ouvidos acreditam que o futuro da profissão é incerto e 60% consideram o ofício desgastante. A dupla jornada, entre o consultório e os hospitais da rede pública, segundo a enquete, contribuem para diminuir a qualidade de vida dos médicos.
Guerra afirmou também que a conduta dos médicos do DF é considerada satisfatória, pois em um ano à frente do conselho, nenhum registro foi cassado, e dentre os cerca de 5 milhões de procedimentos médicos realizados no DF , por ano, existem uma média de 300 reclamações, o que prova que os pacientes da cidade estão sendo bem atendidos.
Porém Guerra citou problemas no sistema público, como a superlotação dos hospitais e a falta de gerenciamento quanto a grande demanda de pessoas de outros estados que procuram o DF para se tratar.
Novas batalhas – O Sindicato dos Médicos do DF, presidido por Cesar Galvão, aproveitou a data para comemorar a implantação do plano de carreira do GDF, conquista obtida há menos de um ano. César afirma também que além de fiscalizar a regulamentação dos direitos, batalha pela implantação da Classe Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que visa a estabelecer pisos para valorizar as ações de maiores riscos e remunerar os médicos de acordo com a dificuldade do trabalho.
– Nós batalhamos para que a classe seja valorizada todos os dias e que possa, a cada data comemorativa, poder ser agraciada com novas conquistas – afirma.
Obras e equipamentos
O secretário de Saúde, Arnaldo Bernardino, afirma que há anos os médicos do DF não têm tantos motivos para comemorar. A razão, segundo ele, são as várias obras de reforma em quase todos os setores do sistema público de saúde local. De acordo com o secretário, foram investidos cerca de R$ 70 milhões só este ano.
Outro dado considerado positivo por Bernardino são os R$ 18 milhões aplicados em materiais médico-hospitalares, melhorando a qualidade de trabalho dos médicos.
– Estamos reformando tudo o que estava fora do padrão da saúde do DF. Das enfermarias aos centro cirúrgicos. E ainda pretendemos entregar obras de grande porte, como o Hospital de Santa Maria, até o fim da gestão do governador Roriz – disse Bernardino.
Porém, existem dois pontos que ainda são motivos de reclamações, segundo o secretário. Uma das questões graves é a grande demanda de médicos formados no DF, que em dez anos somaram quase 1,1 mil.
– Por enquanto a situação está controlada, pois a única universidade que forma turmas é a UnB. Mas daqui a cinco anos, teremos 240 médicos formando por ano – afirma.
Bernardino acredita que uma solução para abrigar os novos médicos e também solucionar a superlotação na rede pública devido à grande demanda de pacientes que vem de fora é calcular o orçamento destinado à saúde no DF com base no número de atendimentos e não em cima da população brasiliense.