A cada ano, morre no mundo pouco mais de meio milhão mulheres devido a complicações da gravidez. A distribuição dos óbitos é tremendamente desigual. Nas regiões desenvolvidas do planeta, é de 1 em 2.800 a chance de uma mulher morrer durante a gravidez ou no parto. Já em países pobres, o risco é de 1 para 16. Pior, cerca de 80% desses óbitos seriam evitáveis mesmo sem grandes investimentos na infra-estrutura de saúde.
É para combater essa situação que a Organização Mundial da Saúde (OMS) acaba de lançar uma campanha global. O primeiro passo é o lançamento de um manual destinado a autoridades de saúde e equipes médicas que traz sugestões sobre como abordar o problema. A idéia central é que é preciso ir além das estatísticas e identificar as razões pelas quais as mulheres estão morrendo, não apenas encontrar a “causa mortis”, mas principalmente avaliar o acesso aos serviços de saúde e a sua qualidade. Às vezes, o problema não está tanto na infra-estrutura, mas nas barreiras sociais e culturais que impedem a mulher de conseguir um acompanhamento médico de sua gravidez.
Algumas experiências internacionais, notadamente a do Egito, mostram que, mesmo com poucos recursos, é possível chegar a resultados expressivos. Além do manual, a OMS pretende treinar equipes de países em pior situação nas formas escolhidas pela agência para levantar informações sobre mortalidade e transformá-las em planos de ação.
O Brasil, evidentemente, não se conta entre os campeões da mortalidade materna, que apresentam índices superiores a 300 óbitos por 100 mil crianças nascidas vivas. Ainda assim, as taxas aqui registradas são consideradas altas pela OMS. Com algo em torno de 75 mortes por 100 mil, o Brasil está atrás de nações mais pobres como Cuba, Costa Rica, Uruguai e China, que apresentam índices médios (entre 20 e 49 por 100 mil). Os países mais desenvolvidos têm taxas inferiores a 20 por 100 mil.