Você sabe o que fazer com os medicamentos vencidos encontrados em casa? O latão de lixo e ralos são os destinos mais comuns destes produtos. Mas será que este tipo de descarte não polui o meio ambiente (água, solo e ar)? Esta dúvida motivou quatro alunos, do curso de Ciências Biológicas, da Universidade Filadélfia (Unifil), a pesquisar o assunto e a reportagem da FOLHA ampliou os resultados.
Segundo Alessandra Cabral Leite e Thiago Gomes Camargo, revistas especializadas e a legislação indicam os postos de saúde, hospitais e farmácias como receptores adequados para resíduos de fármacos. No entanto, estes locais gerenciam apenas as sobras do material que adquirem. ”O município terceirizou o serviço para atender os postos de saúde e clínicas odontológicas. Não estendemos este descarte à toda população devido às limitações econômicas e burocráticas do contrato. O ideal seria que os comerciantes de medicamentos administrassem as sobras inúteis para seus clientes”, sugeriu Audrey Pazzoti, enfermeira da Diretoria de Ações em Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde de Londrina.
No Hospital Universitário (HU), a dificuldade é semelhante. Lá, os medicamentos vencidos são descaracterizados (retirados das embalagens originais), guardados num saco plástico branco identificado, que é fechado numa caixa de papelão e novamente envolvido num saco plástico branco. Este embrulho é recolhido pela Divisão de Farmácia e mantido num depósito próprio. ”A lei diz que a inutilização dos resíduos fármacos é obrigação dos fabricantes, mas, na prática, isso não acontece. Até que os órgãos responsáveis tomem providência, a solução é manter este material em segurança”, explicou Sirlei Donega, farmacêutica da Divisão de Farmácia do HU.
Os artigos utilizados pelos universitários sugerem que a contaminação do meio ambiente pode causar a infertilidade em peixes e diferentes tipos de câncer em seres humanos. ”Descobrimos que medicamentos à base de hormônio, por exemplo, são resistentes à degradação e, por isso, mais perigosos. Nossa intenção é aprofundar a pesquisa e apresentá-la num Simpósio de Iniciação Científica”, adiantaram Alessandra e Thiago.
A reportagem da FOLHA não obteve resposta do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde de Londrina e nem Conselho Regional de Medicina do Paraná.
Serviço – Mais informações sobre o assunto podem ser obtidas nas resoluções 358, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e 306, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).