Preço baixo não é sinônimo de satisfação para os clientes das seguradoras de planos de saúde. Uma pesquisa com 1.266 clientes em 10 cidades brasileiras, inclusive Brasília, indicou que o atendimento e a abrangência da rede credenciada são determinantes para uma boa avaliação dos consumidores. Os dados da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Pro Teste) mostram, no entanto, que a insatisfação é geral. A nota média do teste ficou em 7,6 numa margem de 1 a 10. Nenhuma das 16 empresas analisadas recebeu nota superior a 8,5 (veja quadro). Os planos mais baratos estão entre os mais criticados. Entre eles estão as operadoras Samcil e Hapvida, que atuam na Grande São Paulo e nas regiões Norte e Nordeste, respectivamente. "6,6 ( recebida pela Samcil) é uma nota muito ruim. O máximo recebido, 8,5, já é um absurdo. Estamos falando de saúde, o tratamento deveria se melhor. A pesquisa mostra que a insatisfação é geral", afirma coordenadora da pesquisa, Samasse Leal, advogada do Pro Teste.
Das 16 empresas, apenas quatro atuam no Distrito Federal: Amil, Blue Life, Medial Saúde e Golden Cross. Delas a pior classificada foi a Golden Cross. Recebeu um 7,8 de seus clientes. A empresa não quis comentar a pesquisa. Três das grandes redes com abrangência nacional e que atuam no DF não fizeram parte do estudo e foram criticadas pela Pro Teste por não venderem mais planos individuais e familiares, universo analisado pela associação. As seguradoras Bradesco, Porto Seguro e Sul América estão comercializando apenas planos coletivos – oferecidos normalmente pelos empregadores.
Falta de cobertura
Os índices de reajuste, definidos anualmente pelo governo, não são os itens mais reclamados. Primeiro vem a falta de cobertura de determinados procedimentos, mesmo quando estão previstos no contrato ou na legislação. As desculpas para não se responsabilizar são várias, segundo o gerente geral de Fiscalização da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Fabrício Neves. "Elas alegam que a doença é preexistente, quando na verdade não é. Ou dizem que não cobrem determinado procedimento que está garantido por lei. A legislação é clara: para todo procedimento utilizado no tratamento das doenças conhecidas, a operadora é obrigada a oferecer alguma modalidade de cobertura", afirma. Neves recomenda que os consumidores desconfiem de planos muito baratos. "É muito importante pesquisar sobre a empresa e ler o contrato antes de fechar um plano", afirma.
A Samcil informou por meio de nota que desconhece os critérios da pesquisa e alegou satisfação de seus clientes. Segundo a empresa, 60% das vendas mensais – 10 mil novos planos por mês -, são resultantes de indicações de outros clientes. A Hapvida argumenta que o estudo abrange um universo muito pequeno de consultas diante do total de usuários do plano (450 mil pessoas).
A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC/DF) ajuizou ontem na Justiça Federal do Distrito Federal uma ação civil pública contra a União e a Geap (Fundação de Seguridade Social) para garantir a inclusão de parceiros homossexuais dos servidores públicos nos planos de saúde. "Se duas pessoas passam a ter vida comum, cumprindo os deveres de assistência mútua e com o objetivo de construir um lar, tal vínculo, independente do sexo de seus participantes, gera direitos e obrigações que não podem ficar à margem do direito", afirma a procuradora regional dos Direitos do Cidadão, Lívia Nascimento Tinôco. Atualmente alguns órgãos do governo, como a Radiobrás e a Caixa Econômica Federal, reconhecem os homossexuais como dependentes de seus funcionários.
AVALIAÇÃO
Pesquisa da Pro Teste avaliou 16 operadoras*
Empresa Nota**
Unimed Campinas 8,5
Assim 8,2
Unimed BH 8,2
Unimed Curitiba 8,2
Unimed Rio de Janeiro 8,2
Amil* 8,1
Blue Life* 8,1
Unimed Paulistana 8,1
Medial Saúde* 8,0
Unimed Fotaleza 8,0
Unimed Vitória 7,9
Golden Cross* 7,8
Amesp 7,5
DixAmico 7,4
Hapvida 7,0
Samcil 6,6
*Apenas quatro delas possuem clientes no Distrito Federal.
** Pontuação de 1 a 10 dada pelos clientes para os seus planos
Fonte: Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste).