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Planos seguirão os princípios da nova tabela

O anúncio de que os planos de saúde adotariam a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), feito na semana passada, pode ter criado furor exagerado. “Aconselhamos todas as empresas a seguir os princípios da tabela”, diz Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), uma das entidades que representam as empresas de planos de saúde. “Mas somos contra a tabela única de preços.”
Os princípios da CBHPM, segundo o presidente, seriam o fato de que ela compara procedimentos e exige valores mais elevados de procedimentos médicos mais complexos. Ou seja, um transplante de pulmão custa mais do que uma endoscopia. “Essa tabela foi feita com mais critério que a que usamos atualmente, da Associação Médica Brasileira (AMB)”, comenta Almeida. A decisão teria sido tomada depois de uma análise das duas tabelas. “Após a análise técnica, concluímos que a tabela nova é mais lógica. A universalização de preços, porém, é antieconômica, se não for ilegal.”
Almeida afirma que “não é correto que uma grande empresa e uma pequena, com menos clientes, paguem as mesmas quantias”. A Abramge fez uma solicitação à AMB, ao Sindicato dos Médicos e ao Conselho Nacional de Medicina para que seja assinado um protocolo de intenções entre as partes. “Nós nos comprometemos a orientar as empresas a seguirem os princípios da tabela e os médicos se comprometem a suspender os movimentos de boicote, para que não haja mais prejuízo ao consumidor.”
A adaptação das empresas aos princípios da nova tabela será gradual, segundo a Abramge. (ANA PAULA LACERDA – O Estado de S.Paulo)

SP: Boicote médico teve mais de 50% de adesão
Levantamento foi feito pelo sindicato da categoria
O primeiro balanço oficial do movimento dos médicos em São Paulo, divulgado sexta-feira pelo Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp), mostra que 53,84% dos profissionais aderiram ao boicote a sete seguradoras – SulAmérica, Unibanco, Porto Seguro, Marítima, AGF, Notre Dame e Bradesco.
Foram entrevistados 546 profissionais. “O resultado é ótimo”, avalia Clóvis Francisco Constantino, presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CRM-SP). “Estou seguro de que será ainda mais positivo daqui uma semana e o próprio resultado da pesquisa servirá de incentivo para que isso aconteça.”
O Estado ligou sexta-feira para 50 consultórios médicos da cidade de 32 especialidades para saber quantos haviam aderido ao boicote. O resultado foi diferente do apresentado na pesquisa oficial: apenas 12 deles afirmaram ter aderido ao movimento, o que representa 24% do total.
O balanço do Simesp apresentou também os principais motivos dos 36,45% que não entraram no boicote: medo de represálias dos planos e o número restrito de operadoras envolvidas no boicote (veja quadro acima). Ou seja, há médicos que temem o descredenciamento e também os que pedem a inclusão de outros planos no movimento em São Paulo, além das seguradoras.
O neurocirurgião Cid Carvalhaes, diretor do departamento jurídico do sindicato, afirmou ter sido descredenciado ontem pela SulAmérica. “Ligaram para meu consultório perguntando se eu havia ou não aderido ao movimento”, conta ele. “Disse que sim e eles simplesmente falaram que estavam retirando meu nome da lista dos profissionais credenciados para não haver problemas com os usuários da seguradora.”
Etapas – A pesquisa do Simesp também revelou em percentual quais são as seguradoras que mais agregam médicos credenciados. A SulAmérica é a campeã: 66,12% dos médicos trabalham com ela. A Marítima ficou em segundo lugar, com 54,76%. Em terceiro está a Porto Seguro, com 44,14%. Depois, vieram Unibanco (42,49%), Bradesco (39,47%), AGF (31,14%) e Notre Dame (23,08%). Vale dizer que só na capital, segundo a Associação Paulista de Medicina, há 39 mil médicos em atividade. Desses, 26 mil atendem em consultórios e clínicas.
O trabalho do sindicato foi dividido em etapas. Primeiro, foram enviadas cartas com questionários aos 546 profissionais entre os dias 27 e 30 de julho. A partir do primeiro dia do boicote (dia 30), 70% enviaram suas respostas por e-mail ou fax. O restante foi entrevistado por telefone, na segunda-feira. Até então, o sindicato se identificava para os entrevistados.
Nos três dias seguintes, isto é, de terça a quinta-feira desta semana, o Simesp ligou para todos novamente, mas sem se identificar.
Não há data exata para a divulgação de um segundo balanço. A promessa é que ele saia antes da próxima assembléia dos médicos paulistanos, marcada para o dia 17, às 20 horas. “Espero que além da adesão chegar a pelo menos 70%, alguma seguradora nos procure até lá”, diz Clóvis. (ADRIANA DIAS LOPES, colaborou Maurício Kanno – O Estado de S.Paulo)