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Polêmica cerca redução embrionária

A polêmica técnica de redução embrionária – a eliminação de um ou mais embriões, ainda em fase celular, de pacientes de fertilização in vitro que geraram mais de um embrião – foi discutida no ”Serono Symposio International”, que aconteceu no Rio de Janeiro, na semana passada. O procedimento ainda levanta discussões éticas nos Estados Unidos, onde é feito.

Mas Mark Evans, diretor do Instituto de Genética e Medicina Fetal do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do St. Luke’s-Roosevelt Hospital Center, em Nova York, defende que a técnica é necessária em pacientes que precisaram de tratamento para engravidar, porque ”a gravidez com gêmeos apresenta mais riscos para a mãe e os fetos do que a gestação com um único bebê”.

– Minha principal tarefa é consertar ”erros”. Para otimizar as chances, os médicos transferem mais de um óvulo fecundado para o útero, provocando muitas vezes gravidez múltipla. Mas mulheres que passam por um tratamento geralmente têm mais de 35 anos ou têm problemas que levam a uma gravidez de risco. A gestação de gêmeos, nestes casos, é muito arriscada – explica.

Segundo Evans, a motivação para a redução embrionária é ”tentar salvar pelo menos um bebê e a mãe”.

– Há muitos casos em que pacientes engravidam de trigêmeos, preferem não fazer a redução e aos cinco, seis meses de gestação perdem todos os bebês. Tudo isso é muito desgastante, física e psicologicamente – defende, apesar de a decisão levar a uma questão ética de estar se fazendo aborto ou preterindo um filho a outro.

– A redução é feita entre a 11ª e a 12ª semana de gravidez. Antes da 11ª, não temos condição de fazer testes para saber se algum embrião tem uma anomalia – explica o médico, destacando o ponto preferencial na seleção para a redução. Depois vêm localização e acesso aos óvulos fecundados e, por fim, uma eventual preferência dos pais pelo sexo do filho. – Nunca o sexo é a escolha prioritária – enfatiza.

– E temos que lembrar que até a 12ª semana a gestação ainda está em fase celular, é um embrião, não um feto – acrescenta Paulo Serafini, diretor do Huntington Centro de Medicina Reprodutiva.

A eliminação é feita com a introdução de uma agulha, que injeta uma solução de potássio no coração primitivo do embrião, causando uma parada cardíaca. Não é necessário fazer raspagem, o material é absorvido pelo próprio útero, antes da 12ª semana de gravidez.

No Brasil, a técnica não é permitida, porque a interrupção de uma gestação só é possível legalmente se for resultado de estupro ou se a mãe correr grave risco. Mas em Nova York, Evans já realizou 52 reduções para apenas um embrião, com resultados muito satisfatórios, segundo ele. A grande maioria das pacientes teve gravidez normal, apenas uma sofreu aborto e outra deu a luz a um bebê com hidrocefalia.

Os números coletados pelo ginecologista e geneticista durante 20 anos de pesquisas sugerem que não interferir pode ser pior. O risco de uma criança nascer com paralisia cerebral em gravidez única é de 1 a cada 700 partos, em caso de gêmeos é de 1%, para trigêmeos é de 25%. A possibilidade de ocorrer um aborto também cai em 8% na redução de gêmeos para apenas um embrião.

– Quando os casais procuram tratamento para engravidar, eles querem crianças saudáveis. Sabemos que o índice de divórcio é alto entre casais americanos pais de crianças com doenças graves. O resultado da redução embrionária é sempre pelo bem do casal e da criança – sustenta Evans.