A equipe econômica do governo federal decidiu liberar R$ 1,5 bilhão para a saúde do país. O montante, que estava contingenciado, será aplicado em áreas como a de oncologia, hemodiálise, transplantes e cirurgias cardíacas. Todos os estados e cerca de 400 municípios foram contemplados com os recursos. O Distrito Federal abocanhou R$ 53,5 milhões, ficando em nono lugar entre as unidades da federação que mais receberam verba. Para o secretário de Saúde do DF, a notícia é bem-vinda. "Esse aporte dará um oxigênio ao setor", afirma Augusto Carvalho.
Ao anunciar o volume extra de recursos, o ministro da Saúde,
Demanda
Apesar do entusiasmo de Temporão, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, considera pouco o montante liberado. "É absolutamente insuficiente. O que ficou acordado politicamente com o governo no início do ano é que haveria um crédito de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões para pelo menos cumprir a demanda mínima", diz Batista Júnior. "Acho que não dá para recuperar todos os prejuízos. Imagine que o paciente que deixa de fazer hemodiálise tem o seu estado agravado muitas vezes e de forma irreversível."
Uma série de áreas dentro da saúde pública serão beneficiadas com o crédito extra. A maior parcela, R$ 557,1 milhões, vai para o ajuste da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). O segundo maior montante do pacote, R$ 230,5 milhões, servirá para aprimorar 195 projetos de cirurgias eletivas, com o objetivo de reduzir a fila de espera por intervenções de média e alta complexidade, tais como as de catarata, ortopedia, vasectomia, laqueadura tubária e hérnia. Haverá ainda R$ 157,6 milhões para a rede de oncologia, R$ 52 milhões destinados às políticas voltadas às pessoas com deficiência e R$ 443 mil para a realização de exames e confecção de óculos para idosos e estudantes da rede pública.
O ministério aplicará R$ 38,5 milhões na criação de 125 equipes, que vão garantir a internação em casa dos pacientes crônico-degenerativos, como os que sofrem com câncer, diabetes e outras doenças. Cerca de R$ 48,5 milhões irão para a implantação de 427 leitos nas unidades de terapia intensiva (UTIs) e R$ 90,4 milhões para corrigir os valores dos procedimentos de hemodiálise. O Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST/AIDS) receberá R$ 16 milhões para incentivar estados e municípios a realizarem os testes de HIV e de sífilis. Há aplicações também previstas em outras áreas, como saúde mental, transplantes e serviços com queimados.
Peixes sob suspeita
A Secretaria de Saúde do Amazonas divulgou um alerta sobre a provável ligação entre o consumo de peixes regionais de água doce, como o pacu e o tambaqui, e a ocorrência de 37 casos de rabdomiólise em Manaus, de junho a setembro deste ano. Mesmo assim, a vigilância epidemiológica do estado não desaconselhou o consumo dos peixes, por não haver até o momento comprovação técnico-científica da ligação entre a doença e o consumo desses peixes.
"Não é um surto, o número de casos não é grande para justificar o termo. Os 37 casos em três meses, contudo, são superiores ao número de casos detectados por mês, que são até dois", explicou o coordenador da Fundação de Vigilância Sanitária (FVS) do Amazonas, Bernardino Albuquerque. Em uma investigação preliminar, em 10 dos 37 casos foram identificadas causas específicas para a doença. Os 27 casos restantes estão sob investigação, sem que tenha sido determinada a causa.
A rabdomiólise é uma síndrome causada por uma toxina que leva à degeneração muscular. A doença pode causar uma rápida insuficiência renal e também levar à morte. Os sintomas são dores e rigidez nos músculos, fraqueza, mal-estar, e urina escura.