Pelo menos 40 mil doentes mentais perambulam pelas ruas dos 399 municípios paranaenses, segundo cálculos baseados em parâmetros do Ministério da Saúde. Esta situação tende a se agravar, pois vários hospitais psiquiátricos do estado estão prestes a fechar ou a cancelar o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O quadro crítico desses hospitais foi discutido esta semana no Conselho Estadual de Saúde, que, a pedido da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), vai solicitar ao secretário da Saúde, Cláudio Xavier, que interceda com urgência para interromper o processo de desestruturação do sistema de atenção à saúde mental no estado.
O problema principal está no valor da diária paga pelo SUS aos hospitais psiquiátricos, de apenas R$ 28,68 por paciente, quando o mínimo necessário seria de R$ 78,29. Sem condições para manter o atendimento, muitos dos maiores estabelecimentos, como o Pinheiros (São José dos Pinhais), São Marcos (Cascavel), Franco da Rocha (Ponta Grossa) e Nossa Senhora da Glória (Curitiba), simplesmente fecharam suas portas. Juntos, eles respondiam por mil leitos. Outros hospitais já reduziram o número de leitos ou se descredenciaram completamente do SUS, deixando sem assistência a camada pobre da população, justamente a que mais demanda por serviços psiquiátricos.
Há poucos anos, o Paraná dispunha de seis mil leitos. Hoje, existem tão somente 2.100, com forte tendência à diminuição. Para não exagerar, a Fehospar considera que haveria necessidade de manter pelo menos 4.500 vagas.
A situação de calamidade foi comunicada há meses a Requião e à Secretaria de Saúde, com uma sugestão: que o governo estadual acrescente R$ 22,00 à diária paga pelo SUS, perfazendo R$ 50,00 – a exemplo do que o prefeito Beto Richa mandou fazer