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Risco na consulta virtual

 

A internet está se tornando uma espécie de consultório virtual, o que tem causado preocupação na classe médica. Cada vez mais, pessoas acessam a rede mundial de computadores em busca de informações sobre doenças, tratamentos e até indicações de remédios. Isso pode gerar interpretações equivocadas e até automedicação de risco.
“A ciência é demonstrável e a apresentação do conteúdo dos sites tem de ser clara”, afirma Waldemar Naves do Amaral, presidente da Associação Médica de Goiás (AMG) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG). “O conteúdo vai do melhor ao pior. Há dados reais, que geram aprendizado, mas existe muita informação falseada, inclusive de propósito”, acredita.
Para o ginecologista e obstetra, a internet tem muitos “achologistas”, que, sem comprovação científica, simplesmente escrevem o que pensam. Com isso, acredita o especialista, as informações de “má-fé”, sem nenhum valor, geram confusão entre os internautas. “Por isso é importante separar o joio do trigo.”
Na avaliação do dermatologista Divino Rassi, como se não bastassem os fatores da vida moderna – que acabam distanciando o médico do paciente (atendimento de grande quantidade de pessoas e consultas rápidas) –, há ainda a web.  O especialista conta que o próprio paciente chega ao consultório dizendo que já pesquisou sobre determinada doença e medicamentos na internet. “Nosso papel é demonstrar que a internet não é tão precisa quanto a palavra do médico”, destaca o dermatologista.

Foco
O anestesiologista e chefe do centro cirúrgico do Hospital Geral de Goiânia (HGG), André Luiz Braga, diz que é preciso ter cuidado com sites leigos que se dizem associações ou instituições de interesse médico para oferecer produtos milagrosos. Para Braga, o objetivo de páginas como essas é puramente mercantil. “Doenças como impotência, câncer, obesidade e aids são o foco principal para vender fórmulas milagrosas – muitas delas, com técnicas alternativas sem nenhuma comprovação científica.”
Braga cita o caso do hormônio do crescimento GH (Growth Hormone), que vem sendo vendido de forma indiscriminada na web. Os fornecedores do produto o vendem com a promessa de que quem o utilizar não envelhecerá. Assim como o GH, conta o médico, o mesmo acontece com as fórmulas de emagrecimento e para disfunção erétil. “A internet é importante, possibilita o acesso rápido, mas é difícil controlar a qualidade de seus sites. Deve-se, pelo menos, acessar páginas reconhecidas e respeitadas pela sociedade”, acrescenta o anestesiologista.
Para evitar possíveis prejuízos, principalmente à saúde do paciente, o presidente da AGM recomenda aos internautas que pesquisem em sites de universidades ou sociedades médicas, que garantem a procedência da informação prestada. “Tudo o que foge disso é balela”, decreta.
Amaral acredita que se a população internauta não acessar os sites sem credibilidade, cujas informações são imprecisas, equivocadas e até mesmo falsas, eles tendem a desaparecer. “Basta que não alimentemos essa rede de informações duvidosas”, sugere o médico.
A consultora em nutrição Juliana Tolêdo de Faria endossa a opinião do presidente da AGM. “Se a pessoa procura se informar sobre colesterol, por exemplo, pesquise no site da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que, além da parte técnica (direcionada aos médicos), conta com informações para os leigos”, diz. “A internet aceita tudo. Você pode colocar o que quiser. Todos se sentem no direito de escrever sobre qualquer coisa.”
Juliana aconselha evitar não só os sites de revistas populares como também os blogs – os diários digitais. “Eles pegam qualquer coisa no Google, sem nenhum filtro. Caso queira entrar neste site, é melhor entrar no Google acadêmico, que tem mais pesquisas.” A consultora também alerta sobre os sites que vendem suplementos, cujo foco é puramente comercial.