Unimed, Santa Rita Saúde, PAM e Santa Casa Saúde movimentam, por mês, cerca de R$ 11 milhões para manter a rede de atendimento à saúde em Maringá, pouco mais que o dobro dos investimentos na saúde pública. No montante total estão incluídos apenas os gastos com prestadores de serviço – médicos, laboratórios, exames de imagem e internações hospitalares. Não há números exatos sobre o impacto e a contribuição dos serviços de saúde na economia de Maringá, mas profissionais da área acreditam que o volume gerado supere os gastos com educação, perdendo apenas para o comércio.
À frente de um mercado em crescente expansão e com perspectivas futuras cada vez maiores de conquista de mercado, as quatro operadoras e as seguradoras nacionais que atuam na cidade são responsáveis pela assistência de cerca de 170 mil usuários.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Carlos Roberto Rodrigues, sabe que os planos privados de saúde vêm ocupando o espaço deixado pelo serviço público e reconhece que a situação seria muito pior sem a assistência particular. "Estaria um caos. Se hoje já não temos condições para atender quem precisa, imagine se todos dependessem unicamente do sistema único de saúde", comenta. "Mesmo porque, se tivesse dinheiro, teria o problema da estrutura", diz Rodrigues.
Ele exemplifica citando o número de leitos hospitalares que a cidade dispõe. "São 1.151 no total, sendo 681 para o SUS. E desses, 240 são para pacientes psiquiátricos." Hiran Mora Castilho, diretor do hospital Santa Rita, acredita que essa demanda tem relação com a qualidade da assistência prestada. "Muitas internações são indevidas, segurando leitos por períodos excessivos sem necessidade."
Os procedimentos de baixa e média complexidade, como consultas e atendimentos ambulatoriais, são os mais realizados. Só a Unimed, que tem cerca de 108 mil usuários, autoriza mais de 40 mil consultas por mês. "Mais da metade dos nossos atendimentos são realizados por moradores de outras cidades", explica Durval Francisco dos Santos Filho, presidente da cooperativa médica.
O Santa Casa Saúde, que tem 10,5 mil usuários, paga 5,5 mil consultas/mês. Apesar dos números, a estrutura médica e o corpo clínico de Maringá estão se especializando e já são referência em procedimentos de alta complexidade, como cirurgias cardíacas, neurológicas e nefrológicas, que correspondem aos custos mais caros dos planos de saúde.
Um estudo conduzido pelo departamento de Economia da UEM, coordenado pelo professor Joílson Dias, demonstrou que os gastos com saúde não são prioridade para quase 94.989 famílias com renda média de R$ 1.912,22.
A pesquisa está calculando a demanda financeira das famílias, utilizando como base dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a acadêmica Cláudia Bueno Rocha, que participa do trabalho, os quatro principais itens de consumo são a habitação (29,3%), transportes (17,89%), alimentação (15,68%) e outras despesas correntes, como impostos, contribuições financeiras e serviços bancários, com 10,35%.