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Wagner sai da Saúde com choro e críticas

A exoneração do médico sanitarista Gastão Wagner da secretaria-executiva, anunciada no dia 10, criou uma crise no Ministério da Saúde. Era patente, ontem, o clima de insatisfação durante a despedida de Wagner no Conselho Nacional de Saúde. Durante o discurso, o ex-secretário e as pessoas que lotavam a sala choraram em diversos momentos. Encerrada a solenidade, reservadamente, alguns conselheiros não deixaram de consolar o ex-secretário com frases como “Sorte de você, que deixa o ministério neste momento” e “Agora assistiremos a uma guinada, e sabemos o que está por vir.” ou “Se você disse um não, certamente foi com propriedade.” Um dos reponsáveis pelo programa de governo de Lula na área de Saúde e personagem importante durante o período de transição, Wagner manifestava, havia tempos, divergências com o ministro Humberto Costa. Com sua queda, perde força o grupo ligado às regiões Sul e Sudeste, que dá lugar a outro do Nordeste, regiáo de origem do ministro. Repete-se, agora, a disputa da transição, afirmou uma fonte próxima de Wagner. Toda a equipe de Wagner, formada por cerca de 20 pessoas, deixará o ministério até dezembro. Com isso, deverá haver uma mudança radical na definição de estratégias e sobretudo na execução do orçamento do ministério. “Acho que na área de saúde decisões têm de ser compartilhadas com outros gestores e as verbas, usadas com critério”, afirmou Wagner. “O SUS está além de um governo. Por exemplo: diretores de hospitais têm de ter mandatos.” Entre as explicações para a saída de Wagner está sua resistência em executar emendas parlamentares e sua discordância quanto à destinação de verbas para áreas de interesse do ministro. Em seu discurso, interrompido algumas vezes pelo choro e pelas palmas, Wagner defendeu a redução de poderes do governo no SUS. “O governo deve ser uma das partes. Somente vamos assistir à melhora do sistema com o aumento da participação da sociedade.” O sanitarista disse ainda ter assumido o cargo com esperança no governo “Agora tenho esperança no SUS”, disse. A presidente da Pastoral da Criança, Zilda Arns, que integra o Conselho Nacional de Saúde, lamentou a saída de Wagner. “Estabilidade da equipe é muito importante”, disse. Outro integrante do conselho afirmou que o ministério perde seu principal intelectual. O temor é que a mudança, em vez de reforçar o ministério, torne públicas suas vulnerabilidades. “Isso, numa época de reforma ministerial, é risco na certa”, disse ele.