No Brasil, por paradoxal que pareça, reinam nos estabelecimentos de saúde riscos constantes de doenças e acidentes que afetam médicos, enfermeiros, dentistas, laboratoristas, socorristas, trabalhadores da área da saúde e até os pacientes. São inúmeros os riscos biológicos, químicos, radiológicos e outros, que rondam e vitimam os guardiões de nossa saúde.
Perigos invisíveis, profissionais desavisados, situações críticas, excesso de pacientes, e procedimentos e condições inadequados estão entre as maiores dificuldades.
A situação doentia do setor se deve a vários fatores inter-relacionados, que englobam desde o não uso de equipamentos de proteção, manipulação e transporte indevidos de substâncias perigosas, reuso de materiais descartáveis de uso único, ambientes de trabalho inadequados e falta e parâmetros técnicos claros de segurança; dentre outros.
Como conseqüência, além dos altos índices de moléstias e contaminações em profissionais de saúde, os pacientes também ficam expostos a um conjunto de riscos, genericamente denominados como “infecções hospitalares”.
Pesquisa realizada pelo Projeto Riscobiologico.Org (entidade apoioada por universidades, Associações e Conselhos de profissionais da área e órgãos públicos de saúde) realizada em 2.004 com mais de 2.500 profissionais de saúde de todo o Brasil, revela a realidade que o público não vê :
* 55.56% já sofreram acidente de trabalho com material biológico.
* 43.75% já fizeram atendimentos ou acompanhamentos de profissionais de saúde contaminados pelo HIV em decorrência de acidente de trabalho com material biológico
* Menos de 30% dos profissionais acidentados completam o acompanhamento clínico-laboratorial necessário.
* 64,29% não usam dispositivos intravasculares (agulhas) com mecanismo de segurança
* 50% do serviços de saúde cumprem as normas e leis ministeriais quanto à saúde segurança do trabalho dos profissionais. 50% não cumprem.
* 55% dos locais de trabalho têm uma sistematização de prevenção de doenças imunopreveníveis (hepatite B, sarampo, varicela, coqueluche, …) entre profissionais de saúde
* 71,43% acreditam que no Brasil há risco significativo de contaminação de pacientes por HIV/Hepatites durante a internação (contaminação cruzada entre pacientes) em serviços de saúde.
*Somente 31,65% usam o teste rápido anti-HIV no paciente infectado e no profissional que cuida dele.
*70,25% não conhecem a proposta da NR 32 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à Saúde
* 80% acham que as leis brasileiras não são adequadas quanto ao assunto Riscos Biológicos na área da saúde