Grupo, que já tem investidor americano entre seus acionistas, aplica dividendos em sua expansão. A rede de hospitais privados Vita quer triplicar sua receita e abrir o capital dentro de três anos. A empresa deu início a um projeto de expansão que inclui elevar de cinco para dez o número de unidades hospitalares e aumentar o faturamento, estimado em R$ 127 milhões em 2006, para R$ 450 milhões.
”Desde que foi fundada, a empresa vem aplicando todos os dividendos na sua expansão. Com a abertura de capital, poderemos capitalizar novos investimentos”, diz Edson Santos, presidente e um dos fundadores da rede, que realiza 11 mil atendimentos de emergências por mês, 10 mil cirurgias por ano e 13 mil internações por ano.
A empresa, que tem hoje cinco unidades em Curitiba, Florianópolis e Volta Redonda (RJ), começa a construir no segundo semestre um hospital em Florianópolis, orçado em R$ 70 milhões. O grupo vai entrar com metade desses recursos. A outra metade será bancada por investidores imobiliários, que vão alugar o imóvel para a empresa por dez anos.
Com capacidade para 132 leitos e 18 mil metros quadrados de área construída, o empreendimento terá vocação para as áreas de cardiologia, ortopedia, neurologia e traumatologia. A construção deve ser iniciada em outubro de 2006. A empresa já mantém uma clínica de diagnóstico na cidade.
Além disso, há interesse em fazer aquisições no mercado. "Estamos atentos. Há ofertas, mas nem sempre elas são as mais indicadas para o nosso interesse." O foco são regiões como interior do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e interior de Santa Catarina. Juntos, esses mercados representam hoje cerca de 65% dos usuários de planos de saúde.
Única do ramo a contar com um investidor de risco norte-americano como acionista – o International Hospital Corporation (IHC), de Dallas, Texas, que já injetou US$ 31 milhões no negócio – a empresa adotou um modelo de gestão em que o comando das operações é compartilhado entre médicos e profissionais de outras áreas, como economistas, administradores e engenheiros.
"Não temos uma visão exclusivamente mercadológica, mas sempre tivemos claro que o ramo de hospitais é um negócio como outro qualquer e que precisa ser bem estruturado para crescer e dar retorno aos seus investidores", diz Santos, que é economista.
Todas as unidades, que formam a holding Vita Participações, são sociedades anônimas, com debêntures colocadas no mercado e metas desafiadoras de resultado. A estratégia garantiu à rede, além do crescimento, a Acreditação Plena pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) para o Vita Curitiba e o Vita Volta Redonda.
Para 2006, a previsão é de um faturamento de R$ 127 milhões, 16,5% superior ao registrado no ano passado. O resultado deve ser impulsionado pelas operações do Vita Batel e da Maternidade de Volta Redonda (RJ), que entraram em funcionamento no ano passado, com R$ 13 milhões em investimentos.
Análise de risco
De acordo com Santos, no entanto, nenhum investimento sai do papel sem que todos os riscos tenham sido exaustivamente calculados. "A decisão pela ampliação da capacidade dos leitos de UTI do Vita Curitiba, por exemplo, levou praticamente um ano. Uma decisão como essa pode tanto elevar seu resultado em 2%, 3%, quanto piorar seu desempenho em 5%, 6%," enfatiza.
O desafio, segundo ele, é equacionar a crescente demanda por novas tecnologias, com a amortização dos investimentos e a capacidade de pagamento dos clientes. "Além disso, há carência de mão-de-obra especializada no mercado para administrar unidades", diz.
O International Hospital Corporation (IHC), que já possui investimentos na área de saúde no México e na América Central, colocou recursos na empresa entre 1998, quando foi fundada, e 2000. "De lá para cá, a expansão está sendo bancada com recursos gerados pelo próprio caixa da rede", afirma Santos. O IHC, que ingressou no negócio com 80% do capital, hoje detém 60% de participação, percentual deverá cair a 50%.
Embora o mercado de saúde privada tenha encolhido nos últimos anos, Santos vê como tendência o interesse de investidores pelo setor. "O País é o segundo maior mercado de saúde privada do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. São cerca de 42 milhões de pessoas e apenas 25% da população é coberta por algum tipo de plano, o que representa um potencial muito grande", diz.
Para ele, o grande salto pode se dar com a abertura desse mercado à classe C, por meio de políticas de geração de emprego, aumento de renda e segmentação de serviços.