Acusado pela CPI dos Sanguessugas como beneficiário do esquema da máfia das ambulâncias, o deputado Carlos Nader (PL-RJ) havia apresentado um atestado médico à Câmara justificando sua ausência para não ter que depor no Conselho de Ética. Mas o deputado circulou ontem pelo Congresso Nacional e esteve no plenário da Câmara, acompanhando as votações.
Para não depor no colegiado, Nader apresentou o atestado, alegando estar sofrendo de "depressão profunda grave". A licença médica do parlamentar vai até o fim desta semana, a última de funcionamento do Congresso, antes do recesso.
Por conta das acusações de envolvimento no escândalo, Nader não conseguiu se reeleger.
Luiz Antônio Vedoin declarou em seus depoimentos que pagou R$ 72 mil em dinheiro a Nader, a título de comissão por ele ter destinado emendas para o esquema.
Do total, R$ 32 mil teriam sido pagos em troca de uma emenda para compra de equipamentos médicos para o Hospital Darci Vargas,
Carlos Nader, ontem, negou todas as acusações. Ele afirmou que foi vítima dos Vedoin e classificou como "surreal" a denúncia contra ele. O deputado disse ainda que não há nenhum documento que comprove seu envolvimento, apena a palavra de Vedoin. Ele disse ao GLOBO que não apresentou o atestado para fugir do depoimento no conselho, mas, que, de fato, estava com "estafa".
– Sou o deputado do Rio mais presente no Congresso. Até apresentar o atestado, tinha 100% de presença na Casa. Sou também um dos que mais apresentou projeto de lei – disse Carlos Nader.
O atestado médico entregue por Nader à Câmara foi emitido pela Clínica Vale do Paraíba e afirmava que o deputado estava impossibilitado de comparecer para prestar depoimento porque não poderia se "submeter a qualquer esforço" e nem participar de debates.