As ações da Porto Seguro subiram 3,8% ontem, após a empresa anunciar a venda da carteira de saúde individual para a Amil Assistência Médica Internacional. O valor do negócio não foi divulgado, mas o mercado estima que tenha ficado em torno de R$ 24 milhões. No ano, os papéis da Porto acumulam alta de 91%.
A carteira de saúde individual da Porto tem 42 mil vidas e era a menos lucrativa da seguradora, avalia um relatório do UBS. Segundo cálculos do analista Bruno Pereira, a carteira de pessoa física geraria R$ 150 milhões este ano para a Porto Seguro, o que representa 25% dos prêmios da carteira de saúde e 3% dos prêmios totais da seguradora, que tem no segmento de automóveis a maior parte das receitas. O UBS recomenda a "compra" das ações da Porto.
A Porto não comentou a venda. Em uma nota à imprensa, diz que desde 2001 não vende mais planos individuais e vai se focar nos planos corporativos. A seguradora também garante que a Amil vai manter, por tempo indeterminado, todas as condições das atuais apólices que comprou.
A carteira de pessoas físicas não era problema só na Porto .O Bradesco e a SulAmerica também pararam de vender planos individuais. O mercado comenta que a SulAmérica está negociando a sua carteira com a Golden Cross há alguns meses. A seguradora nega e diz não considerar esta possibilidade. O Valor apurou, porém, que a carteira foi oferecida também para outras empresas de planos de saúde, segundo contou um executivo de uma delas, que recebeu a proposta, mas não se interessou.
Já a Golden diz que é "efetivamente compradora no mercado de saúde suplementar", mas "sem a conclusão de negociações, não há o que ser informado neste momento."
Para o consultor Luiz Roberto Castiglione, especialista no mercado segurador, as empresas de saúde, como Medial, Golden Cross ou Amil, ao contrário das seguradoras, têm rede de hospitais próprios e conseguem controlar os custos médicos, por isso o interesse nas pessoas físicas. Na seguradoras, tudo é terceirizado. Há ainda os reajustes. No caso das pessoas físicas, há interferência direta da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para fixar os preços.