O golpe começou a ser aplicado em 2013 e vem ocorrendo com freqüência não apenas em Curitiba e outras cidades paranaenses, mas também em outros estados, como o Rio Grande do Sul, que registrou casos em quatro municípios somente nos últimos dias. Na Capital do Paraná foram detectadas novas tentativas de extorsão contra familiares de pacientes internados, o que motivou a Fehospar, Sindipar e Ahopar a novamente alertarem os estabelecimentos prestadores de serviços quanto a adoção de medidas preventivas, o que inclui mecanismos informativos que bem orientem funcionários, os pacientes e sobretudo os seus familiares de que nenhuma quantia monetária pode ser cobrada que não as devidamente esclarecidas pela instituição e pelos médicos assistentes.
Luis Rodrigo Milano, presidente em exercício da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná, reitera que a boa comunicação com os pacientes e familiares, inclusive com medidas simples como a circulação de informativos ou afixação de cartazes ou mesmo das notícias de alerta no ambiente hospitalar, podem inibir a ação de golpistas e até mesmo contribuir para que a polícia identifique e puna os responsáveis. Na Grande Curitiba, que registrou um dos últimos golpes em São José dos Pinhais, com pagamento de R$ 1,5 mil, as investigações estão a cargo da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas, que pode ser contatada pelo telefone (41) 3365-3748.
Fazendo-se passar por médico assistente a partir de contatos telefônicos, os estelionatários vêm aplicando o golpe em pacientes internados em instituições hospitalares, levados a despender, por meio de seus familiares, quantias vultosas para suposto custeio de medicamentos importados ou tratamentos complementares. Entre o fim de 2013 e o início de 2014 já tinham sido registrados 12 boletins de ocorrência na Estelionato, com prejuízo aproximado de R$ 100 mil, o que levou a Fehospar e também o Conselho de Medicina a chamar a atenção dos profissionais para adoção de medidas de prevenção.
De acordo com os registros policiais, os golpistas obtêm informações sobre pacientes que se encontram em período pós-operatório e faz contato a partir do telefone do quarto de internamento. Fazendo-se passar pelo médico responsável pela cirurgia, tranquiliza o paciente ou seu acompanhante sobre o procedimento realizado, mas diz ser imprescindível o uso de um medicamento importado para não haver riscos. O valor é negociado conforme a reação de cada vítima, com vários contatos feitos a partir de então entre as partes via celular.
O falso médico simula negociar a compra dos produtos por valores mais acessíveis, mas insiste que o depósito deve ser feito em dinheiro no mesmo dia, numa conta particular, indicada por ele (nunca são repetidas e estão em nome de “laranjas”). Por ser um momento de grande fragilidade dos familiares dos pacientes internados, num primeiro momento eles são induzidos a seguir as orientações. O dinheiro é sacado assim que ocorre o depósito. O golpe é descoberto quando o médico assistente de fato ou funcionários do hospital têm contato com os familiares e são questionados sobre a continuidade do tratamento. “Qualquer alteração na parte financeira pactuada com médico ou o hospital deve ser esclarecido com os mesmos, de preferência pessoalmente”, ressalta o presidente da Fehospar, que também solicitou o empenho dos organismos de segurança na repressão a essa modalidade de ação criminosa e também dos veículos de comunicação para melhor orientarem a população.