A solicitação de triagem feita a partir de um acordo firmado entre Secretaria Municipal de Saúde, 10.ª Regional de Saúde, Ministério Público e HU (Hospital Universitário) reduziu em 91,4% a média de pacientes encaminhados para atendimento hospitalar nos últimos dias.
Conforme dados da Secretaria de Saúde, o PAC (Posto de Atendimento Continuado) I encaminhava diariamente 27 pacientes para o HU. Após a implementação da medida, a média caiu para 2,3 pacientes por dia.
A triagem foi solicitada pelo HU, devido à superlotação. Até então, os pacientes eram encaminhados diretamente pelo PAC para o Universitário. Agora, o posto precisa acionar a Central de Leitos, que indica em qual hospital será atendido.
O secretário de Saúde, Jorge do Santos, reconhece que após a triagem o movimento praticamente não alterou na unidade, e aponta o principal problema: a falta de agilidade da Central de Leitos. “O nosso problema são os pacientes com problemas mais graves que precisam de uma vaga no hospital e ficam até 24 horas esperando um leito”, afirma.
O secretário diz que o problema não é o fluxo, mas os pacientes com a maior gravidade. “A Central demora a encontrar um leito”, reclama.
Ele explica que o problema é que o PAC não é um local para atendimento pré-hospitalar. “Ele é um postão de atendimento 24 horas”, resume.
O chefe da 10ª Regional de Saúde, Jorge Trannin, contesta a declaração e diz que a Central de Leitos demora a metade do tempo apontado por Santos para responder à solicitação, em média, de 12 horas. “É um tempo normal para uma unidade pré-hospitalar, mas para um postão pode ser muito tempo mesmo”, ironiza.
NORMAL
A gerente de Atenção Secundária da Secretaria de Saúde, Sônia Sena, confirma que a média de consultas se manteve. “O que aumentou foi o tempo de permanência dos pacientes, que passou de 18 para 32 horas. Eles ficam aguardando uma vaga para internamento”, explica.
Conforme dados da Secretaria da Saúde, de 1º de janeiro ao dia 17 de fevereiro foram encaminhados 1.193 pacientes ao HU, 49 ao Hospital Policlínica e 51 ao Nossa Senhora Salete, equivalente a uma média de 26,9 encaminhamentos por dia. Já de 19 a 26 de abril foram solicitados 19 leitos, passando para a média diária de 2,3 pedidos.
A previsão é de que o PAC recebe melhorias com a instalação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), o que deve ocorrer ainda no primeiro semestre. “O PAC perderá essa característica de postão”, afirma o secretário.
OBSTETRÍCIA: HU recebe dobro da capacidade
O HU recebe, em média, o dobro de pacientes que tem capacidade para atender na obstetrícia porque o PAC continua sem atendimento na especialidade e porque a transferência para hospitais da região é difícil.
Para o diretor clínico do HU, Vilson Dalmina, a solução seria a ampliação de leitos, diminuição de fluxo das gestantes ou a construção de mais uma maternidade em Cascavel.
O centro obstétrico tinha 20 gestantes na manhã de ontem, mas a capacidade de atendimento é de apenas 11; a maternidade estava com 33 mulheres, embora esteja equipada para receber no máximo 27.
De acordo com Dalmina, quando são abertas vagas em hospitais da região as gestantes não querem ser transferidas. “A gente solicita uma vaga em outro hospital, mas a paciente se recusa a ir para outra cidade e prefere ter o bebê sobre uma maca”, salienta.
Ele conta que devido a uma dificuldade de recursos humanos do PAC o fluxo de gestantes continua intenso. “O ideal seria que apenas gestantes de alto risco viessem direto para o HU e as demais passassem pela triagem”, explica.