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Burocracia emperra Incor

Os corredores vazios do belíssimo prédio de três andares do Instituto do Coração do DF (Incor-DF), única filial do hospital paulista no País, parecem uma incoerência. Com equipamentos de última geração comprados e um quadro de profissionais de excelência ocioso, o instituto aguarda há mais de um mês a assinatura de um convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com seguradoras particulares para abrir suas portas e começar a atender pacientes de alta complexidade encaminhados de unidades de saúde públicas e particulares.

Diferentemente dos hospitais públicos convencionais – que têm um orçamento fixo do GDF para custos com folha de pagamento e contas mensais – o Incor-DF se auto-sustenta a partir dos recursos obtidos por atendimento de convênios, por isso não é possivel iniciar os procedimentos sem os convênios firmados. Na quinta-feira passada, técnicos do Ministério da Saúde fizeram uma vistoria no hospital (um dos últimos procedimentos antes da liberação do contrato), mas ainda não há data para a assinatura. Cerca de 30 seguradoras particulares também já estão estudando a proposta de convênio com o Incor-DF.

– Não há nada em cardiologia no mundo que você não encontra aqui. E, manter um hospital desta maneira é um desafio – diz o diretor do Incor-DF, Andrei Spósito, que veio de São Paulo.

Enquanto isso, os 35 médicos do instituto fazem ”gentilezas” a outros hospitais da rede. Exames de ressonância, cardiogramas e até uma complicada cirurgia em um bebê prematuro pesando apenas 700 gramas, na sala cirúrgica do próprio HFA, foi realizada pela equipe.

O Incor-DF vai trabalhar com um teto de apenas 60% dos atendimentos pelo SUS. Por conta disso, Spósito faz um apelo, já de antemão, para que os pacientes assegurados por particulares usem seus cartões para cobrir o atendimento, caso sejam encaminhados ao hospital. O governo federal repassa R$ 7 por consulta, enquanto seguradoras bancam em torno de R$ 35. Os 40% dos atendimentos por convênios particulares terão que arcar com dois terços dos gastos do instituto.

O primeiro hospital filantrópico do DF está instalado em dois andares do edifício principal do HFA, além de um prédio próprio de três andares e uma pequena unidade radiológica. O investimento para implantação chegou a R$ 110 milhões, sendo mais de R$ 65 milhões gastos em equipamentos de última geração, como o de ressonância nuclear magnética (o único no país) e o tomógrafo multi-slice, para exames precisos. Para manter a estrutura funcionando, o gasto mínimo será de R$ 30 milhões ao ano – valor três vezes superior aos custos de um hospital convencional.

Aos poucos – A inauguração será feita de de forma escalonada. Primeiro será aberta a unidade de exames de imagens – com ressonância magnética, tomografias e ecocardiogramas. As salas de internação, de hemodinâmica, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o centro cirúrgico e a unidade de emergência referida serão abertos ao público sucessivamente.

Para Spósito, além dos atendimentos de excelência, o Incor-DF ainda trará dois benefícios à população da capital. Por meio de um convênios com as Universidades de Brasília (UnB) e Católica de Brasília (UCB), estudantes de medicina farão residência no local, e serão acompanhados por médicos doutores. Compromissados com a pesquisa, os profissionais poderão ainda trazer inovações na área de saúde para o DF.