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Doméstica tenta internação há mais de 10 dias

O microempresário londrinense José Valdir Batista denunciou ontem à Folha que sua funcionária, a doméstica Elizângela Batista Pereira, estaria desde o dia 10 de setembro sem conseguir internação nos hospitais de Londrina. Ela teria sido diagnosticada com infecção no útero e, por três vezes, não teria conseguido ser internada no Hospital Universitário (HU). Ele também procurou a Santa Casa mas o hospital não tem ginecologista e, por isso, não presta atendimento de urgência e emergência nessa especialidade. Ontem, o HU garantiu apenas o atendimento mas alegou que não poderia internar por falta de leitos.

Batista disse que o calvário de Elizângela, de 28 anos, começou em 10 de setembro, quando passou mal. Ela teria sido levada até o pronto-socorro do HU, medicada e liberada. Como voltou a sentir dores e apresentar febre, procurou a Santa Casa no dia 13, teria recebido medicação e liberada. A assessoria da instituição explicou que o hospital não dispõe de ginecologista e, portanto, não poderia prestar a assistência que a paciente necessitaria. A assessoria lembrou, porém, que não tinha tido acesso à ficha de Elizangêla para detalhar os procedimentos feitos e o parecer do médico.

Na quinta-feira, 15 de setembro, a doméstica procurou o posto de saúde do Jardim Santiago (Zona Oeste) mas não conseguiu solução para seu problema. Na sexta-feira, procurou novamente o pronto-socorro do HU e, outra vez, não conseguiu ser internada por falta de leitos. Batista disse que ela realizou um exame de ultra-som que teria comprovado uma infecção do aparelho reprodutor. No domingo, com fortes dores, ela retornou ao HU mas mais uma vez não conseguiu um leito. Anteontem à noite, reclamando de fortes dores e com inchaço nas pernas, ela teria sido novamente consultada por um médico no HU e orientada a marcar uma consulta no Hospital de Clínicas. ”Mas o problema dela é grave e lá ela vai ter que esperar dias, ou até mais que isso, para conseguir ser atendida”.

Ontem, Elizângela teria procurado novamente a unidade de saúde do Jardim Santiago e um médico do posto teria ligado para um colega no HU, ”que disse que não poderia fazer nada”. No final da tarde, o Serviço Social do hospital garantiu atendimento no pronto-socorro de obstetrícia e ginecologia mas informou que não havia leito disponível para internar a paciente. Uma assistente social, que preferiu não se identificar, comentou que um paciente entubado, que precisava de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estava há horas em uma maca no PS aguardando vaga. A assistente apontou que o caso da paciente será reavaliado hoje pela direção clínica do HU. Enquanto isso, a doméstica teve que retornar para casa para cuidar dos cinco filhos.

A gerente de enfermagem da Secretaria Municipal de Saúde, Brígida Gimenez Carvalho, estava fora de Londrina ontem mas garantiu que iria se inteirar do problema. A paciente poderá ser avaliada por um médico do Conselho Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema (Cismepar) e, se houver necessidade de cirurgia, o procedimento poderá ser realizado no Hospital da Zona Norte (HZN) ou da Zona Sul (HZS).