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Exame da próstata, fazer ou não fazer?

     Muitos de vocês devem ter acompanhado as notícias da semana passada sobre a realização de exame preventivo do câncer de próstata. A polêmica surgiu quando um médico do Instituto Nacional do Câncer (Inca) afirmou que era contrário à realização em massa de teste de prevenção para detecção da doença. O Inca voltou atrás. O instituto é contra o rastreamento ou "screening" cuja definição pela Associação Médica Brasileira é a "avaliação sistemática e periódica de uma população do sexo masculino pertencente à determinada faixa etária, com o objetivo de detectar doença curável, em homens com boa expectativa de vida saudável". Em outras palavras, o Inca não realiza campanhas em larga escala para realizar exames de prevenção, mas é favorável à visita do homem ao consultório de um urologista.

            O Inca alega que ao realizar campanhas poderíamos fazer diagnóstico de tumores indolentes e que os homens poderiam sofrer desnecessariamente com o tratamento, seja cirúrgico ou por radioterapia. Já a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) declarou ser favorável às campanhas em massa e à procura espontânea ao urologista por todos os homens na faixa etária de risco. A SBU advoga a tese de que deixar de diagnosticar o câncer de próstata na fase inicial pode levar a um número maior de óbitos pela doença e pior qualidade de vida.

            De fato, é um dilema para os urologistas. Como será a evolução do caso? Será um tumor silencioso e indolente? Um tumor de alta agressividade ou de nível intermediário, que pode ser alterado por medidas terapêuticas? As respostas levam em consideração fatores ligados ao hospedeiro – idade, raça, fatores genéticos, dieta. A literatura médica cita que 95% dos casos são diagnosticados de 45 a 89 anos. A incidência em negros dobra. Homens com pai ou irmão com a doença têm de três a dez vezes mais chances de desenvolvê-la. Importantes estudos correlacionam o mal a dietas ricas em gordura animal.

            O câncer de próstata é a segunda causa de óbitos por câncer em homens, superado apenas pelo de pulmão. Para 2006, estimam-se 47.280 casos novos no Brasil. Os levantamentos mais recentes mostram que a prevalência é maior em faixa etária mais alta. No entanto, só até 2% dos homens com tumores malignos manifestarão a doença clinicamente e 0,31% por ano morrerá em decorrência direta da doença. É aquele ditado: " Você morrerá com câncer de próstata, não do câncer de próstata."

            A função do toque é observar alterações (consistência, textura, volume ou nódulos) que possa sugerir a patologia. Quando utilizamos em conjunto o PSA, exame de sangue feito em qualquer laboratório, tem-se com maior precisão o risco de câncer. Para confirmar o diagnóstico é necessária biópsia. O toque que tanto temor causa nos homens é muito simples. Quando eu faço o exame, o homem fica de barriga para cima e joelhos afastados. É menos constrangedor. O exame demora de 20 a 30 segundos, suficientes para um urologista chegar às conclusões necessárias. Não é doloroso, mas desconfortável. Muitos, ao realizar o exame pela primeira vez, dizem: "É só isto?".

            O toque não está ultrapassado e não deve ser substituído pelo PSA, pois em alguns casos raros o PSA pode estar normal. O consenso é de que devem ser realizados os dois exames em todo homem com mais de 45 anos. Em dúvida, prossegue-se com ultrassonografia transretal e biópsia de próstata pelo reto. Nos homens com parentes diretos, deve-se iniciar o rastreamento aos 40.