O secretário estadual da Saúde, Claudio Xavier, descartou a possibilidade de fechamento do Hospital Universitário de Cascavel. A declaração foi dada logo após uma reunião em Curitiba, após a qual, como medida de emergência para garantir o funcionamento do Hospital Universitário da Unioeste, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior liberou R$ 300 mil (Programa de Regionalização dos Hospitais) que serão direcionados à compra de medicamentos.
A medida foi definida numa reunião, da qual participaram os secretários Aldair Rizzi, da Ciência e Tecnologia, Cláudio Xavier, da Saúde, Eleonora Fruet, do Planejamento, Raul Pazete, presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná (Cisop) e do diretor do Hospital, Victor de Souza.
Outra medida definida na reunião foi a do repasse de R$ 80 mil para Unioeste que deverá ser incluído na folha de pagamento e destinado aos plantonistas do Hospital. “O restante da dívida, na ordem de R$ 3 milhões, será analisada pelo Estado, em auditoria, para que seja feito o pagamento daquilo que for devido”, informou o secretário Rizzi.
Fechar portas
O presidente do Cisop, órgão que atua como co-gestor no processo administrativo do Hospital, havia dito que caso o governo não assumisse o plantão médico, o Hospital Universitário iria “fechar as portas”. O secretário estadual de Saúde disse que o Hospital possui uma importância muito grande no contexto regional e destacou a participação do Cisop, como um órgão co-gestor do Hospital Universitário. Chegou a dizer que o Cisop já deu uma grande contribuição para que o funcionamento continue.
Antes de tomar uma decisão ele ainda depende de uma série de informações, tanto da Unioeste quanto da direção do Hospital. Em seguida deve se reunir com o governador, Roberto Requião, para definir a possibilidade de enviar, mensalmente, um volume adicional de R$ 150 mil. Esse dinheiro seria suficiente para manter o funcionamento e parcelar as dívidas atrasadas do Hospital Universitário, que chegam a quase R$ 3 milhões.
Limite
O presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), Luiz Suzuke, diz que a situação chegou ao limite. Ele incumbiu o prefeito de Cascavel, Edgar Bueno, para organizar uma reunião na próxima segunda-feira. Nessa reunião, onde estão sendo convocados todos os prefeitos da região, deverão ser definidas as ações da Amop para buscar uma solução. O encontro deverá contar com a presença do diretor geral do Hospital, Vitor de Souza. “Caso seja necessário os prefeitos deverão ir à Curitiba para uma audiência com o governador”, disse.
Carta Aberta
Na manhã de sexta-feira, 22 entidades de Cascavel distribuíram uma carta-aberta à população, acentuando que o Hospital Universitário (HU) de Cascavel é uma das maiores e mais importantes estruturas de saúde pública do Estado e vital para o atendimento de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) de 91 municípios das regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, que somam quase 2 milhões de pessoas.
Segundo o texto, o HU acumulou uma dívida de R$ 2,9 milhões de 2003 para cá e corre o risco de fechar as portas, porque perdeu crédito com os fornecedores, mas seu fechamento é uma possibilidade absurda, em razão de haver adquirido uma dimensão tão grande no contexto da saúde pública do Estado, que sua desativação colocaria em risco toda a estrutura em funcionamento no Paraná.
Lembram os signatários que a crise financeira já existia quando o atual diretor do hospital e o reitor da Unioeste, a qual o Hospital Universitário está integrado, assumiram suas funções. Segundo o texto, houve acentuada economia nos últimos meses, além de expresivo aumento na prestação de serviços e leitos disponibilizados. Além disso, cita que os hospitais universitários de Londrina e Maringá recebem recursos bem superiores ao de Cascavel, “mesmo quando se constata que aquelas cidades têm outros hospitais públicos conveniados ao SUS”.
Por fim, acentuam que “as lideranças, as entidades e a população confiam no bom senso do governador Roberto Requião e de toda a sua equipe de governo e acreditam que o interesse de todos é o bem-comum dos paranaenses. O Hospital Universitário de Cascavel é um patrimônio de todos nós e precisa ser preservado e fortalecido”.
A carta aberta é assinada por representantes da Prefeitura de Cascavel, Câmara Municipal de Cascavel, Associação dos Municípios do Oeste do Paraná, Associação Comercial e Industrial de Cascavel, Associação das Micro e Pequenas Empresas, Câmara dos Dirigentes Lojistas, Companhia Cascavelense de Transporte e Tráfego, Conselho Comunitário de Segurança de Cascavel, Sindicato dos Lojistas e do Comércio Varejista de Cascavel e Região, Sindicato das Farmácias, Sindicato dos Empregados do Comércio de Cascavel, Sindicato dos Contabilistas de Cascavel, Sindicato Rural Patronal, Pacto por Cascavel, Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná, Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Cascavel, Ordem dos Advogados do Brasil, Loja Maçônica Universitária, Associação do Joalheiros Óticos do Oeste do Paraná, Sindicato dos Corretores de Seguro, Sindicato da Habitação e das Imobiliárias de Cascavel e Sociedade Rural do Oeste. (Gazeta do Paraná)