Internar, operar e tratar doentes não são mais as únicas funções dos hospitais. As instituições começam a prestar alguns tipos de serviços que ultrapassam os muros que delimitam seus prédios. Hospitais como Sírio Libanês, São Luiz e Albert Einstein estão indo até as empresas para ensinar funcionários a parar de fumar, evitar diabetes e até a dar os primeiros socorros em caso de parada cardíaca.
”É crescente a preocupação das pessoas em prevenir doenças. Então, não faz mais sentido um hospital querer apenas curar”, afirma Henrique Salvador, vice-presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados. Se continuassem presas apenas ao tratamento de doenças, as instituições perderiam uma importante fonte de receita vinda dos exames, tratamentos e ensinamentos de prevenção às moléstias.
Depois de ver os resultados positivos de um programa antitabagismo que criou para seus próprios funcionários, o hospital Sírio Libanês, por exemplo, decidiu vendê-lo como um serviço às companhias interessadas em prevenir câncer e hipertensão em seus quadros. "Para que se restringir ao tratamento se o conhecimento gerado em um hospital é bem mais amplo?", explica Maurício Ceschin, superintendente-geral do Sírio Libanês.
Dentro dessa lógica, o hospital tem ido até as companhias ensinar seus empregados a prestarem atendimentos de emergência, como massagem cardíaca para casos de parada cardiorrespiratória. Ao mesmo tempo em que o paulistano São Luiz está erguendo sua terceira unidade hospitalar, o hospital criou há quatro meses cursos de saúde ocupacional e campanhas de prevenção para serem dados dentro das companhias.
”O objetivo é ser sinônimo de saúde. Queremos que as pessoas também lembrem da gente quando não estiverem doentes", diz Alberto D’ Áuria, diretor de relações institucionais do São Luiz.
Isso levou o Albert Einstein a abrir quatro unidades de diagnóstico fora do hospital no bairro do Morumbi. Neste ano, serão inauguradas outras duas.
O São Luiz também irá inaugurar uma unidade de exames dentro do próprio hospital para atrair pessoas que não estejam internadas lá e queiram fazer apenas um diagnóstico. Mas, além da tão propalada prevenção, os hospitais também têm outro objetivo: ficar mais próximos das empresas, seus principais clientes. Afinal, são elas que pagam os planos de saúde dos empregados que irão precisar dos serviços médicos.
Ao conquistar seus clientes, os prestadores de serviço querem tornar mais difícil o seu descredenciamento pelas operadoras, já que os usuários passarão a pleitear aquele atendimento. "É uma questão de estabelecer vínculos com quem, no fundo, é a verdadeira fonte pagadora dos hospitais", avalia Cláudio Luiz Lottenberg, presidente do Einstein.
O hospital criou uma espécie de plano de saúde para seus clientes. Uma equipe do Einstein vai até as empresas desenhar produtos sob medida para seus funcionários. Depois, as operadoras modelam o produto para os clientes. Cerca de 7 mil pessoas são atendidas por meio desse produto.