Resíduos só podem ser depositados no aterro de Londrina até março; promotora ameaça entrar com ações
O Sindicato dos Hospitais de Londrina e Região e a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) receberam nessa segunda-feira (13/02) um ultimato da promotora de Defesa do Meio Ambiente, Solange Vicentin, para encontrar uma solução para o lixo hospitalar produzido na cidade. Os geradores de resíduos de saúde insistiram em pedir mais um ano para continuar depositando o lixo no aterro sanitário de Londrina, mas a promotora sentenciou que o prazo termina no final de março.
Passados três anos da publicação da resolução n.º 33 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que atribui aos hospitais, clínicas, consultórios, laboratórios e outras unidades de saúde a responsabilidade pelo tratamento, transporte e destinação de resíduos contaminados, os geradores de lixo demonstram mais preocupação em conseguir prorrogação de prazos do que em apresentar propostas.
”Não vamos permitir que depois de março continuem despejando resíduos hospitalares no nosso aterro. E se o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) conceder autorização, vamos entrar com medidas judiciais”, sentenciou Solange ao final de mais uma reunião, realizada ontem na Associação Médica de Londrina (AML). O chefe regional do IAP, Ney Paulo, afirmou que ”está mais que na hora de encerrar o assunto”.
O presidente do sindicato, Fahd Haddad, se apóia na própria resolução da Anvisa para postergar o prazo final para 29 de abril de 2007. Entretanto, o presidente da CMTU, Gabriel Ribeiro de Campos, já avisou que a vala séptica do aterro sanitário de Londrina só tem capacidade para receber lixo até o próximo 31 de março.
Haddad ainda não desistiu de ganhar tempo, mas disse que se o prazo for mantido os hospitais terão que contratar empresas e, para arcar com esse custo, irão pedir subsídios para o poder público.
Custos
Enquanto os geradores de resíduos da saúde ainda estão engatinhando para encontrar a melhor forma de destinar o lixo hospitalar, empresas que prestam serviços nessa área se adiantam e até participam das reuniões. Marcos Nascimento, coordenador regional de uma empresa paulista de engenharia ambiental, disse que já contatou representantes do Sindicato dos Hospitais de Londrina e Região e de órgãos públicos para oferecer os serviços de coleta, manejo, transporte e destinação dos resíduos hospitalares.
A empresa já presta serviços a cinco municípios paranaenses e está prestes a ampliar a clientela para 23 cidades do Estado, de acordo com Nascimento. Os resíduos são levados até uma das cinco unidades da empresa no interior paulista, que cuida do tratamento e depósito adequado do lixo. Segundo ele, o valor cobrado por cada quilo de resíduos, desde a coleta até a destinação final, gira em torno de R$ 1,70 – considerando o transporte para Assis, município paulista mais próximo.
Se esse custo fosse aplicado à quantidade de lixo hospitalar produzida hoje em Londrina – cerca de duas toneladas, segundo a CMTU – as unidades de saúde do município gastariam, juntas, pouco mais de R$100 mil por mês.