O Ministério da Saúde anunciará nos próximos dias novo critério de inclusão na fila de transplante de fígado. No lugar da ordem de chegada, a fila passará a ser organizada pela gravidade da doença dos pacientes.
A mudança, solicitada por entidades médicas e de pacientes durante anos, deve ser anunciada pelo ministro da Saúde, Agenor Álvares.
A gravidade do estado do paciente será avaliada por uma série de exames laboratoriais, explica Silvano Raia, da Fundação do Fígado de São Paulo e apoiador da mudança.
Segundo Raia, os resultados dos exames são colocados em uma fórmula matemática e depois classificados em uma escala de gravidade chamada MELD (Model for End-Stage Liver Disease), que vai do número 6 ao 40 (quanto maior o valor, maior a gravidade e menor o tempo de vida previsto para o paciente).
Alguns pacientes de São Paulo já vinham conseguindo quebrar a ordem cronológica da fila com base em decisões judiciais que levavam em conta a gravidade da doença.
A mudança, na avaliação de especialistas, visa evitar critérios subjetivos de inscrição dos pacientes na fila. A escala Meld foi desenvolvida nos EUA e vem sendo empregada no mundo inteiro. Leva em conta que os doentes com índice de Meld mais alto têm risco de morte em curto espaço de tempo e por isso devem receber o transplante antes dos menos graves.
De acordo com Raia, a ordem cronológica, introduzida em 97, teve seus méritos. Evitou que um serviço de saúde mais preparado para o transplante fosse privilegiado em relação aos demais serviços. A mudança, no entanto, é necessária, diz Raia, em razão do aumento da demanda pelo órgão nos últimos anos. Segundo ele, muitos pacientes são incluídos na fila mesmo antes de necessitarem de um fígado novo, para "garantir lugar".
Atualmente, cerca de 6.000 pessoas aguardam na fila por um fígado. A espera pode durar até quatro anos em São Paulo, um dos Estados com maior demanda por esse transplante.
Estudos do Ministério da Saúde mostram que dos atuais inscritos na fila do fígado, 60% apresentam índice Meld menor do que 15, de indicação discutível para transplante.
62.785
aguardam um transplante no país
6.000
pessoas aguardam na fila do transplante de fígado
4
anos é quanto um paciente espera por um fígado em São Paulo
60%
dos que estão na fila têm indicação discutível para transplante
Fonte: Ministério da Saúde e especialistas