O relacionamento entre operadores de saúde, médicos e hospitais continua delicado. Os médicos negociam coletivamente e aguardam a aprovação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), que incluiria novos procedimentos e reajustaria outros que estão até há dez anos sem aumentos. Já os prestadores de serviços, entre eles hospitais e clínicas, negociam de forma separada, caso a caso, obedecendo as necessidades pontuais.
Tanta indefinição tem resultado em prejuízos, principalmente para os usuários, que, literalmente, não sabem para onde ir. Esse foi o caso da dona de casa Nera Flavio de Oliveira Borges, 41 anos, que procurou o Hospital Nossa Senhora das Graças em um caso de emergência.
Ela explica que levou o sogro, Tupam de Aguiar Borges, que sofre de problemas cardíacos ao hospital no dia 2 de novembro. Pega de surpresa, ela teve que pagar pelo breve internamento. “Fomos para o hospital que constava na lista da Unimed”, comenta a dona de casa. “No entanto, ao chegar ao hospital fui informada que o atendimento não poderia ser pago através do convênio médico. O gasto foi de R$ 168 por alguns minutos em um box e R$ 223,75 pelos demais serviços prestados”.
Conforme a dona de casa, eles (a Unimed) “teriam ao menos que informar os clientes por carta. O que eu quero não é o ressarcimento, mas que a Unimed informe seus cooperados onde eles devem procurar o atendimento”, cobra. Ela ressalta que após o acontecido procurou o escritório da cooperativa médica e recebeu um guia onde continuava constando no catálogo de prestadores de serviço.
A Unimed explicou, através de sua assessoria de imprensa, que “o Hospital Nossa Senhora das Graças está credenciado junto à cooperativa exceto para os atendimentos de urgência/emergência para adultos, conforme cláusula estabelecida no contrato”. O hospital foi procurado, mas não respondeu aos telefonemas da equipe de reportagem da Gazeta do Paraná.
Desequilíbrio
Esse é mais um capítulo da relação entre os operadores de saúde, prestadores de serviços e usuários. O presidente da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), José Francisco Schiavon, explica que, embora a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tenha determinado, muitos hospitais e operadores de saúde não fecharam novos contratos de prestação de serviço.
A principal dificuldade estaria em estabelecer contratos em que prevaleça o equilíbrio econômico-financeiro. “Eles apenas informam o que vão pagar e pronto”, comenta Schiavon.
Ele lamenta que isso venha acontecendo e alerta que, se não forem respeitados os preceitos legais e econômicos, o atendimento ao público pode sim ficar comprometido. “É uma tendência que tenhamos outros contratos rompidos caso os atendimentos sejam inviabilizados”, explica.
Schiavon lembra que o investimento e manutenção de hospitais são constantes. “Além disso, é preciso ter lucro, pois há um alto capital investido”, ressalta o presidente da Fehospar.