O presidente Lula diz que não tem pressa. Levou três meses para fazer a reforma ministerial que deveria ter sido apresentada por ocasião da posse, no início do ano. Apresentou o Programa de Aceleração do Crescimento e obteve aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, propostas que lançam grandes expectativas mas que, por enquanto, estão apenas no papel.
Os brasileiros, porém, têm urgência urgentíssima quanto a ações concretas, não apenas no âmbito da economia, para que o País cresça, mas também da segurança pública, da educação, da saúde e de outras áreas vitais, para que tenhamos qualidade de vida.
A reforma tributária é decisiva a um estágio dinâmico da economia e redistribuição do bolo tributário entre União, estados e municípios. É fundamental simplificar um sistema que hoje aperta o contribuinte com 62 tributos principais, regulamentados por cerca de 3,2 mil normas e 90 obrigações acessórias. Mas, infelizmente, Lula, que já teve oportunidade de propô-la em seu primeiro mandato, não parece inclinado a fazê-la. Nota-se pelo jogo com os governadores, chamados a Brasília para avaliar uma surpreendente proposta de reforma tributária e fazer suas reivindicações. Pura encenação. A finalidade real era obter apoio para a renovação da CPMF e da DRU – Desregulamentação das Receitas da União, que vencem dia 31 de dezembro.
Ao ser proposta por Fernando Henrique Cardoso, em
Grande ilusão, pois, é pensar que o governo pretende fazer a reforma tributária. Seu interesse é fortalecer o sistema que vem batendo recorde sobre recorde de arrecadação: somente nos dois primeiros meses deste ano foram embolsados R$ 69,337 bilhões. Manter e, se puder, aumentar a captação de recursos é a única forma de cobrir gastos crescentes com uma política que rende votos, sustentando programas assistencialistas, e com uma máquina inchada – só os ministérios são 34 e poderiam ser reduzidos à metade.
Aumentar os tributos, aliás, é o que têm feito os governos nos últimos anos: de 22,4% do PIB, em
Contador, empresário da contabilidade e presidente do CRCPR; e-mail: mauricio@crcpr.org.br