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País teve 2.102 casos de infecção hospitalar

De 2003 até abril de 2008, foram notificados 2.102 casos de infecção por Micobactérias de Crescimento Rápido (MCR) em hospitais de todo o país. As micobactérias são altamente resistentes ao uso de antibióticos e impedem a cicatrização do corte cirúrgico em pacientes que foram operados.

Os números da infecção hospitalar causada pelas micobactérias foram divulgados na última sexta-feira em uma nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para quem os dados revelam um caso de “emergência epidemiológica”. A nota também orienta médicos e hospitais a abolir o uso do glutaraldeído (substância usada para desinfecção e esterilização de instrumentos cirúrgicos utilizados em videocirurgias).

“Os estudos e casos recentes mostram que as bactérias estão resistindo ao glutaraldeído”, diz Heloísa Giamberardino, presidente da Associação Paranaense de Controle de Infecções Hospitalares. Segundo ela, médicos e hospitais têm agora duas opções para realizar a esterilização dos instrumentos médicos: derivados do ácido peracético ou o vapor, em autoclaves. Os novos procedimentos de limpeza exigiriam mais tempo das equipes médicas e diminuiriam o número de cirurgias realizadas por dia.

Em nota, a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Fehospar) manifestou apoio às normas técnicas implementadas pela Anvisa para uniformizar os procedimentos de segurança visando a prevenção de ocorrências de infecções pós-cirúrgicas por micobactérias. Renato Merolli, presidente da Fehospar, ressalta que nenhum caso foi registrado em 2008 no Paraná, o que atesta a eficácia das medidas adotadas nos hospitais sob a orientação das vigilâncias epidemiológicas e sanitárias do estado e dos municípios.

Casos

No Paraná, foram registrados 110 casos de infecção hospitalar por micobactérias, a maioria em Curitiba. Pelo menos 30 casos suspeitos, 26 na capital, continuam sendo monitorados pelas secretarias Estadual e Municipal de Saúde. Todos os casos são referentes a cirurgias realizadas entre junho e dezembro do ano passado. A morte de um paciente e sua relação com a infecção hospitalar também está sendo analisada pela Secretaria Municipal de Saúde.

O surgimento de infecções a partir de cirurgias realizadas em 2008, no entanto, não está descartado. “Estamos orientando os hospitais estaduais que realizaram esse tipo de procedimento (videocirurgia) a entrar em contato com seus pacientes e checar sua condição de saúde”, explica Betina Gabardo, coordenadora do Programa de Controle de Tuberculos e Micobactérias da Secretaria Estadual de Saúde.

Em Curitiba, a Secretaria Municipal de Saúde adotou procedimento parecido e vai contatar também clínicas que realizaram procedimentos de lipoaspiração, já que em vários estados as cirurgias plásticas têm originado casos de infecção hospitalar. “Vamos seguir os novos procedimentos da Anvisa e estamos atentos ao surgimento de novos casos”, diz Moacir Gerolomo, diretor de Saúde Ambiental da prefeitura de Curitiba.

Procedimentos estéticos sob suspeita

Ao menos 40 casos de infecção por micobactéria (2% do total) foram registrados no país após procedimentos estéticos, como a mesoterapia e o preenchimento de rugas, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Há outros três registros dessa infecção após preenchimentos faciais sendo investigados em Minas Gerais desde julho. Esses procedimentos, diferentemente das cirurgias, ocorrem normalmente em clínicas, com aplicação de remédios na pele por agulhas que podem estar contaminadas.

Os casos, todos de pacientes do sexo feminino e que tiveram seus rostos afetados, surpreenderam especialistas porque somente pessoas operadas por diferentes técnicas cirúrgicas, principalmente as videocirurgias, vinham sendo contaminadas pelos microrganismos.

O preenchimento facial é executado no consultório, e o médico apenas aplica injeções de produtos para recuperar o contorno e o volume facial – não há cortes ou introdução de cânulas no corpo do paciente. Todos os casos ocorreram após o uso de um produto à base de ácido poli-L-láctico, o Sculptra, fabricado pela Sanofi-Aventis. Apesar de não haver evidência de envolvimento direto do produto nas contaminações, será feita uma apuração sobre o caso. A Sanofi destacou que o produto tem rigoroso controle de qualidade.