contato@sindipar.com.br (41) 3254-1772 seg a sex - 8h - 12h e 14h as 18h

PE: Sindihospe tenta socorrer Admed

Unidades de saúde aceitam abrir mão de parte do que a Admed deve para facilitar compra da operadora de plano de saúde pelo Grupo São Marcos
Hospitais, clínicas e laboratórios credores da Admed admitem abrir mão de parte dos débitos da operadora para que se viabilize a compra do plano de saúde pelo Grupo São Marcos. Segundo o presidente do Sindicato dos Hospitais de Pernambuco (Sindihospe), Mardônio Quintas, há 90% de chance de o negócio ser anunciado até quinta-feira. Essas unidades de saúde, que estiveram reunidas até as 21h de ontem na sede do Sindihospe, teriam juntas R$ 15 milhões a receber da Admed.
Se essa última tentativa de salvar o plano de saúde não se concretizar, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ameaça intervir na Admed já na próxima semana, uma alternativa que deixa em situação delicada para os mais de 48 mil usuários da operadora. A ANS anunciou a possibilidade de intervenção na tarde de ontem, depois que o Grupo São Marcos ameaçou não efetuar a compra. Segundo a ANS, a operadora deveria ter aportado R$ 5 milhões no plano de saúde, para pagar parte das dívidas assumidas em 2004, após a compra da operadora pelo grupo português JAD (cujo proprietário, João Aurélio Duarte, enfrenta um processo de extradição e está preso na sede da Polícia Federal, no Recife).
Segundo Mardônio Quintas, o principal entrave para a venda da Admed para o São Marcos seria o débito com a rede credenciada. Parte dele, correspondente a R$ 15 milhões, foi negociado em reunião com 42 credores e 95% deles concordaram em promover um deságio no valor devido, além de uma extensão no prazo de pagamento. O presidente do Sindihospe explicou que o Grupo São Marcos foi o único a propor, oficialmente, a aquisição do ativo e do passivo da Admed (que, incluindo dívidas trabalhistas e com prestadores de serviço, chega a R$ 40 milhões). Segundo ele, as propostas de outros interessados na operadora envolvem apenas a compra da carteira de usuários e, dessa forma, o restante da empresa viraria massa falida, o que prejudicaria a rede credenciada.
O diretor de Normas e Habilitação da ANS, Alfredo Cardoso, esteve em reunião ontem, no Recife, com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Sindihospe e representantes do empresário português João Aurélio Duarte. Para Cardoso, o melhor caminho seria a venda total da empresa para um novo acionista. “Esta seria, sem dúvida, a melhor solução”, avalia o diretor.
Um outro caminho, segundo Cardoso, seria a venda somente da carteira de clientes da Admed para outra operadora de planos de saúde. Nesse caso, a empresa compradora ficaria responsável pelo atendimento aos usuários. No entanto, os prestadores sairiam perdendo. Isso porque o valor da operação não deveria somar os R$ 40 milhões necessários à quitação das dívidas, nem mesmo adicionando o montante ao patrimônio existente. Se for assim, seria decretada a falência da Admed e o valor que houvesse em caixa serviria para o pagamento dos débitos seguindo o que já determina a lei: em primeiro lugar, os débitos trabalhistas, depois, as dívidas fiscais e, por fim, outros credores – o que inclui médicos, laboratórios e hospitais.
SONDAGENS – Cardoso disse que, na reunião, os representantes da Admed informaram que foram sondados por algumas empresas interessadas em negociar com a operadora. No entanto, ele não disse quais seriam esses grupos, nem as condições de compra. As informações do mercado são de que os outros interessados seriam os planos de saúde Santa Clara, Unimed e Excelsior.
Para o diretor da ANS, a atual situação não pode durar muito tempo pois já começam a ocorrer problemas no atendimento aos usuários (ver matéria na página 2). “Estamos preocupados com a assistência ao consumidor. Por isso, não será possível esperar muito para que seja feita a venda da empresa ou da carteira”, explicou. Ele espera que a solução aconteça ainda esta semana.
Cardoso lembra que não será uma medida tomada a curto prazo, pois há um ano – quando se iniciou outra crise e antes da venda da operadora ao empresário português – a Admed está sob regime de direção fiscal, através de um representante da ANS. Essa direção chegou à conclusão que, para garantir o equilíbrio da Admed, seria necessário um aporte até este mês, o que não aconteceu. “Se não houver logo uma solução, a ANS terá que decretar a intervenção da empresa”, garantiu. Esse seria o pior caminho para usuários e prestadores.
Isso porque a Agência ficaria responsável por comercializar a carteira através da publicação de um edital de oferta pública. “Ganha quem mantiver a mesma cobertura assistencial, com absorção de todas as carências e cobrança dos mesmos valores pagos, hoje, pelo maior prazo possível”, explica. Mas como esse é um processo que levaria entre 15 e 30 dias para estar concluído, o usuário não teria garantias de atendimento porque sua cobertura, até lá, continuaria sob a responsabilidade da Admed. (Jornal do Commercio)