A Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviços (CNS) vem adotando, desde sua última gestão, uma postura diplomática, buscando equilíbrio entre os agentes do setor de saúde. Partindo do diálogo e conciliações entre médicos, prestadores, entidades de saúde, operadoras, governo e consumidores, a CNS tem ampliado sua atuação política, mesmo por ser uma entidade de grau sindical máximo, buscando dar visibilidade ao setor e alcançar soluções para os problemas da saúde no País. No próximo dia 21 de junho, o atual presidente da Confederação, Dr. José Carlos Abrahão, será reconduzido ao cargo, depois de ter sido escolhido, por unanimidade, para mais uma gestão. Até 2009, Abrahão vai conduzir a entidade à consolidação das ações empreendidas sob sua direção nos últimos três anos.
O presidente da CNS vê o setor de saúde suplementar como uma área que está amadurecendo em suas relações. Segundo ele, o setor já apresentou momentos mais difíceis, especialmente com a ênfase à proteção ao usuário. “É fácil perceber que as carteiras precisam se renovar. Do contrário, o envelhecimento trará dificuldades econômicas para as empresas, o que vai culminar em problemas com o usuário, que terá de arcar com os aumentos para manter a qualidade no atendimento”, disse Abrahão. A CNS tem defendido a busca do equilíbrio do setor por meio do diálogo. Por exemplo, em relação ao movimento médico pela CBHPM, a CNS desenvolveu um relacionamento com a categoria, a fim de conciliar as conversações sobre o assunto. “Nós entendemos que o médico precisa receber seus reajustes porque acreditamos que, a partir do momento que o profissional é mais bem remunerado, conseqüentemente, o atendimento também melhora. O resultado final é o que mais nos interessa”, argumentou o presidente.
A CNS está trabalhando, ainda, com duas propostas que devem trazer bons resultados para o setor de saúde. A primeira delas é o acompanhamento e articulação pela aprovação do Projeto de Lei do Senado que cria o “Sistema S da saúde”. Com a criação da CNS, o setor saiu do âmbito do comércio, mas os recursos recolhidos não acompanharam a Confederação. “O Sistema funciona a exemplo do Sistema S do comércio, dirigido pela CNC. O recolhimento da taxa sindical será revertido para o treinamento e lazer dos trabalhadores da saúde, por meio do Sess e Senass”, informou Abrahão. O setor de saúde como um todo gera dois milhões de postos de trabalho direto e outros cinco milhões indiretos. Além disso, é responsável por R$ 6,5 bilhões do PIB.
A outra proposta refere-se à construção de um Código Nacional de Saúde, que regule a relação médico-paciente, substituindo o Código de Defesa do Consumidor, que transformou o paciente em cliente e tem sido utilizado de maneira leviana para conseguir benefícios em detrimento do bom senso. O novo código está sendo desenvolvido por advogados e professores parceiros da CNS.
Com o objetivo de apresentar os problemas e soluções para o setor de saúde, a CNS também está construindo um documento, em parceria com suas representadas, para levar aos presidenciáveis no 2.° semestre. Com tantas responsabilidades, a CNS terá uma árdua tarefa para desenvolver nos próximos três anos. Mas, uma vez estabelecido o diálogo com os agentes do setor e defendendo seus objetivos políticos, a gestão continuada de Abrahão pode ficar marcada por conquistas relevantes, que venham a, pelo menos, diminuir os problemas do setor.