No ano em que a vacina contra a paralisia infantil, criada por Albert Sabin, completa 50 anos, especialistas avaliam que os brasileiros estão tão confiantes sobre a erradicação da doença no país que não aderem mais às campanhas nacionais. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2001 e 2003 a cobertura vacinal de rotina em cada ano foi de 100%. Já em 2004 e 2005, as coberturas obtidas foram de 96,49% e 95,34%, respectivamente. Com a proximidade da segunda etapa da Campanha Nacional contra a Poliomielite de 2006, que acontece no próximo sábado (26), os responsáveis devem estar conscientes sobre a importância de vacinar todas as crianças menores de 5 anos, já que a incidência do poliovírus no mundo ainda é preocupante.
”Vale destacar que a Indonésia estava há 10 anos sem poliomielite selvagem, quando em abril de 2005 o poliovírus foi transmitido por pessoas da Arábia Saudita e do Sudão, países com cobertura vacinal populacional baixíssima. Para se ter uma idéia do problema, em novembro, foram registrados 283 casos, sendo a terceira maior incidência no mundo neste período”, explica a pediatra Isabella Ballalai. Ela vai presidir a 8 Jornada Nacional de Imunizações em setembro, no Rio de Janeiro.
Há estados brasileiros com coberturas vacinais abaixo da meta preconizada, tanto na rotina quanto em campanha. ”O que geralmente faz uma pessoa se vacinar é o temor. Como não há mais casos de poliomielite no Brasil, boa parte dos pais negligencia a vacinação. Eles precisam saber que ainda há reservatórios selvagens e que o fluxo de viajantes pode facilmente propagar o poliovírus”, diz a pediatra.
Isabella explica que mesmo as crianças vacinadas na rede privada pelas vacinas combinadas hexa e penta, devem tomar a Sabin nas campanhas promovidas pelo governo, se tiverem menos de 5 anos. ”O objetivo é promover proteção coletiva nas comunidades, com a circulação do vírus vacinal no ambiente”, diz.