O faturamento deverá aumentar 20%, chegando a R$ 410 milhões. A exemplo de várias empresas de varejo, o plano de saúde Samcil apostou no segmento popular para escapar das crises do mercado. A estratégia deu certo. Com todos os seus centros médicos instalados a menos de 300 metros de redes como Casas Bahia, Marabraz, Colombo e Bradesco, a Samcil consolida sua participação no mercado de comercialização de planos específicos para a classe C e D, e se aproxima ainda mais da meta de 1 milhão de associados e de um faturamento de R$ 600 milhões, até o ano de 2007.
O resultados já são promissores. Com uma receita prevista de R$ 410 milhões para 2004 (20% maior que os R$ 345 milhões de 2003), a empresa conta com uma base de 510 mil clientes. Segundo o diretor Mauro Bernacchio, a previsão é que em 2005 o faturamento alcance R$ 500 milhões, com 650 mil associados.
A empresa pretende investir R$ 18 milhões no próximo ano. Na capital paulista, onde possui cinco hospitais, prevê-se a abertura de quatro centros médicos e três unidades 24 horas. Além disso, a empresa está estudando a compra de um novo hospital na região de Osasco.
Para Bernacchio, apesar de audaciosas, as previsões refletem os investimentos que a rede vem fazendo na aquisição de hospitais, abertura de centros médicos e melhoria da infra-estrutura. “O nosso negócio é baseado na qualidade da prestação de serviços, rede própria e baixa sinistralidade”, afirma. “É isso que garante a boa performance da empresa mesmo em um mercado em crise.”
Este ano, a Samcil tinha como meta vender 10 mil novos planos de saúde por mês. Mas até o mês de novembro foram vendidos uma média de 16,7 mil planos/mês. Já no mercado corporativo, a empresa mantém uma média de 12 mil novos planos por mês.
Os resultados são atribuídos principalmente ao preço, a partir de R$ 43,40 (faixa até 18 anos), acessível a uma grande parte da população que já não pode ser atendida por outros planos. “Muitos de nossos clientes tinham plano de saúde empresarial, mas perderam o emprego e passaram a procurar uma alternativa mais barata, mas com a mesma qualidade de serviços”, afirma Bernacchio.
Mudança
Fundada em 1960, a Samcil, antigo Serviço de Assistência Médica ao Comércio e à Indústria, é um dos primeiros planos de saúde do País. Há cerca de cinco anos, a empresa optou pelo segmento popular como estratégia de negócio. Até então, o foco era voltado para o mercado corporativo.
A entrada das seguradoras no mercado e o aumento da concorrência impulsionaram a criação de planos populares de saúde. “Hoje, 60% de nossos clientes são pessoas físicas e o restante é formado por empresas de médio e pequeno portes”, conta Bernacchio.
Este ano, a Samcil atingiu a meta de possuir um hospital em cada região de São Paulo, com a compra recente do Hospital SP Norte, na zona norte da capital. “As pessoas querem ter atendimento perto da sua casa e do seu trabalho”, diz Bernacchio. Agora, o plano é fortalecer as operações em Guarulhos, Osasco e Grande ABC. A mais recente compra da rede, o Hospital Brasil (agora batizado de Hospital e Maternidade Guarulhos), marca os novos investimentos em hospitais fora da capital.
“Com a aquisição da unidade de Guarulhos passamos a ser a maior rede de hospitais privados do país, com nove unidades”, explica Bernacchio. Para a compra, a empresa investiu R$ 4,5 milhões, valor este que elevou a meta de investimento do ano de R$ 14 milhões para R$ 18 milhões. No próximo ano, ainda serão destinados R$ 5 milhões para a realização de obras de infra-estrutura no hospital. Bernacchio destaca que, apesar da aquisição, o hospital continuará atendendo clientes de seguradoras e outros planos de saúde: “Hoje 25% da ocupação dos nossos hospitais são de clientes da classe A/B que vem de outras empresas de planos de saúde, o que mostra a qualidade de nossos serviços.”
Atualmente, a Samcil conta com 45 pontos de atendimento, sendo nove hospitais, 18 centros médicos e seis unidades avançadas de pronto-atendimento 24 horas.
Outra estratégia da empresa é investir na prevenção como forma de melhorar a qualidade de vida dos clientes e reduzir os custos. Ao todo são seis centros de referência e especialidade em endocrinologia, diabetes, emagrecimento, cardiologia, doenças respiratórias e problemas maternais e infantis.
Para as empresas filiadas, os centros de prevenção se tornam uma grande arma contra os problemas de saúde do trabalhador. Segundo Bernacchio, a prevenção reduz em até 30% a faltas ao trabalho por problemas de saúde.
Resultados
Os resultados desse esforço podem ser vistos também na sinistralidade (custo médio dividido pela receita) da empresa. Até outubro deste ano, a Samcil tinha uma sinistralidade de 60,4%, o que mostra recuos em relação a 2003 (61,2%) e ao ano anterior (62,5%). A média de mercado, porém, é de 75,2%. “Etamos cuidando melhor da saúde de nossos pacientes”.
De acordo com o executivo, o trabalho de prevenção vai ganhar um reforço: a implantação da tecnologia de prontuários em todas as unidades da rede. A partir de 2005, cada consultório e leito hospitalar terão um computador à disposição dos médicos. Neles, todos os dados do paciente ficarão disponíveis para consulta. “Já investimos R$ 2 milhões neste projeto e vamos investir mais 2,5 milhões.”
Segundo Bernacchio, o objetivo é colocar à disposição do médico todo o histórico do paciente, evitando, assim, tratamentos errôneos e exames desnecessários. A empresa já instalou o sistema em três centros médicos e um hospital, e o resultado foi uma redução de 20% nos exames solicitados.