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Simplesmente, desumano

Fruto de uma política ideologizada, os manicômios estão sendo fechados aos poucos, sem nenhuma transição segura, não importando os efeitos da medida. O Paraná era modelo na administração de hospitais psiquiátricos, mas hoje está nas páginas dos jornais. Os pobres doentes mentais sendo colocados na rua porque os hospitais não estão conseguindo se manter.

O corte e a diminuição das verbas destes hospitais foram os mecanismos oficiais para extinguir os hospitais psiquiátricos, atendendo a um segmento ideológico ainda não identificado totalmente. Segundo fonte da Federação dos Hospitais do Paraná, muitos estabelecimentos, temendo serem vítimas da política dos governos federal e estadual, pararam de atender pacientes na área de psiquiatria. Pararam de atender para não gerar outros problemas sociais, como o desemprego, por exemplo. Partiram para atividades mais lucrativas ou que gerem menos prejuízo.

Outros estabelecimentos que ainda mantêm o serviço, devem continuar atendendo porque não têm condições de rescindir os contratos de trabalho e os responsáveis preferem sofrer as conseqüências jurídicas de gerir uma instituição quebrada, do que sofrer com a consciência depois de colocar todos os pacientes no olho da rua.
A política irresponsável vai ter seus efeitos refletidos na segurança pública, já que os pacientes, sem referência de família e sociedade – muitos passaram 20 anos numa espécie de comunidade psiquiátrica – se tornam andarilhos, aos serem expostos à sociedade. Saem dos hospitais psiquiátricos, para as páginas policiais, em forma de notícias de atropelamentos, assassinatos, suicídio e etc. Quem vai pagar a conta é a sociedade, já castigada com o pesado fardo tributário. A mesma fonte da federação, informou que a tendência é que todos os estabelecimentos psiquiátricos fechem suas portas definitivamente. “Em alguns casos, o tratamento aos pacientes é precário, mas colocá-los na rua é desumano, chega a ser animalesco”, disse a fonte, que não têm perspectivas de melhora no quadro destes hospitais.

O hospital Pinheiros, em São José dos Pinhais, com 35 anos de existência, comunicou à Secretaria de Saúde do Paraná, que estava se descredenciando do sistema público de saúde e que não atenderia mais pacientes psiquiátricos, em razão da enorme diferença dos gastos com o tratamento dos pacientes e os repasses do sistema, que gerou violenta dívida do estabelecimento. A Secretaria de Saúde foi avisada a tempo, mas nada aconteceu. Não era para acontecer nada mesmo. Enquanto os governos estadual e federal gastam horrores para manter cargos comissionados no governo, muita propaganda enganosa e até verba para avião de luxo, estes hospitais, que se tornaram precários por culpa do próprio poder público, são fechados em série. A dívida desta política oficial rasteira será paga por aqueles que dedicaram suas vidas ao cuidado dos doentes, que ao fecharem estas casas deverão assumir sozinhos o passivo financeiro, enquanto a sociedade assume o passivo social.

Outros hospitais psiquiátricos já enviaram carta de descredenciamento à secretaria e é uma questão de tempo o fechamento destes estabelecimentos. Nos próximos 90 dias, veremos mais cenas tristes de pacientes sendo colocados na rua, sem amparo, sem dinheiro, sem remédios, sem família. Vamos ver cenas trágicas de pacientes sem qualquer condição de convívio social, tentando a qualquer custo serem readmitidos no sistema.

A meta deste grupo ideológico irresponsável é sufocar por completo o sistema de atendimento aos pacientes. Em oito meses, por conta do fechamento de hospitais em Cascavel, Foz do Iguaçu e São José dos Pinhais, e da redução de leitos em outras cidades importantes do Estado, cerca de 1700 leitos foram extintos.