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Sindicato dos empregados anuncia paralisação em hospitais na 4.ª

Depois do movimento paredista iniciado no dia 9 no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, agora é a vez dos empregados do setor privado de serviços de saúde da Grande Curitiba acenarem com paralisação, a partir de quarta-feira, 18. O pleito feito pelo sindicato da categoria, o Sindesc, de 9,8% de correção salarial e mais 10% de aumento real, alcançando também os benefícios sociais, foi descartado pela classe patronal por absoluta inviabilidade econômica, sob justificativa da crise sem precedentes que alcança o segmento hospitalar, há anos acumulando defasagens na prestação de atendimento aos usuários dos sistemas público e suplementar (planos de saúde). Os empregadores propuseram 6% como patamar viável para a preservação dos postos de trabalho, pela primeira vez sob real risco de retroceder diante do fechamento de leitos e serviços.

Nas negociações que envolvem a Justiça do Trabalho e Ministério Público, o sindicato patronal – Sindipar – requisitou o cumprimento de recomendação do Conselho de Medicina quanto os percentuais mínimos para funcionamento dos serviços, o que inclui a garantia de 100% dos funcionários de UTI e 80% na urgência/emergência, de modo a não agravar os riscos à população. Também pediu a preservação da lei de silêncio no entorno dos hospitais. Durante as tratativas, os representantes do setor apresentaram indicadores oficiais que mostram aumento de zero por cento na tabela do SUS de 2011 a 2015, período em que o ganho real nos reajustes dos pisos dos empregados chegou até a 44,7%. Nos últimos 22 anos, desde a edição do Plano Real, os procedimentos do sistema público foram reajustados em 93,66%, contra variação inflacionária de mais de 400%. No período, a energia elétrica subiu 962,19% e o transporte urbano 1.177%.

A crise na saúde

Os cinco principais hospitais conveniados ao SUS em Curitiba – os filantrópicos Universitário Cajuru, Evangélico, Pequeno Príncipe, Santa Casa e Erasto Gaertner – realizaram só em 2015 quase 4 milhões de procedimentos ao sistema público, juntamente com 101.022 internações e 76.774 cirurgias. Todos eles experimentaram no exercício resultado operacional negativo, que vai de 16,6 a 140% e os fazem se aproximar de estado de insolvência. Luis Rodrigo Milano, presidente do Sindipar, entende que a crise econômica a que o país foi colocado não será resolvida a curto prazo, pelo menos na saúde, com o que considera fundamental que a classe trabalhadora venha a se engajar nos esforços para valorizar o setor, melhorando a remuneração e criando uma perspectiva salarial futura mais positiva. Ressalta que, hoje, o Paraná é um dos estados com menor remuneração entre os planos de saúde.

De acordo com o representante patronal, somente no primeiro trimestre deste ano 617,4 mil usuários deixaram os planos de saúde, reflexo sobretudo do desemprego que no final de março atingiu 10,9%, a maior taxa desde o início da série da Pnad contínua, em 2012. Além de enfraquecer o sistema suplementar, diz, o fenômeno faz inchar ainda mais o público, assolado por endemias e epidemias como dengue, zika e gripe H1N1. Apesar do cenário, diz Luis Rodrigo Milano, o setor de saúde ainda fechou 2015 com saldo positivo nas estatísticas do Caged entre empregados admitidos e desligados. No primeiro trimestre, alguns estados como o Rio Grande do Sul e Maranhão tiveram resultados negativos e, no Paraná, há sério risco de o segundo trimestre fechar com mais demissões do que admissões, com inevitável impacto nas demandas assistenciais e também na qualidade. O Sindesc, que representa aproximadamente 50 mil trabalhadores, anunciou que fará nesta terça-feira (17) uma nova assembleia para definir aspectos da greve.