Diante do caos no sistema público de estados do Nordeste, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, condenou ontem as greves de médicos. Segundo ele, o direito à vida está acima do direito à greve. Temporão descartou intervenção federal no sistema de saúde dos estados onde há greve de médicos, argumentando que a experiência no Rio de Janeiro não foi bem-sucedida. Disse ainda que a relação trabalhista entre servidores e governos estaduais não é da alçada da União.
Para o ministro, a reivindicação dos médicos e servidores da saúde é justa, porque os salários são baixos. Em Alagoas, por exemplo, o salário médio está na faixa de R$ 1,2 mil por mês por 20 horas semanais.
– A questão é a maneira como eles estão se colocando para resolver o problema salarial. Na saúde, o direito de greve tem que ser repensado, rediscutido, porque você pode inadvertidamente colocar a vida de uma pessoa em risco por uma má avaliação de um comando de greve. Isso envolve dimensão ética e política. Acho o direito à vida mais importante que qualquer outro – disse Temporão.
O ministro afirmou estar disposto a ir aos estados conversar com as categorias em greve, mas disse que o governo federal não pode intervir na relação contratual entre os trabalhadores e o Executivo estadual. E lembrou a situação financeira de cada estado – o limite de endividamento e as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal: – A experiência do Rio mostrou que a intervenção é muito dramática e os resultados sempre ficam aquém do que você considera razoáveis. A saída é o trabalho conjunto na superação desta situação.