Hospital é único a atender pelo SUS na cidade; Requião acusa prefeitura de “irresponsabilidade”
A Santa de Misericórdia de Paranaguá deve reabrir dentro de algumas semanas, agora sob o comando do governo estadual e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O anúncio foi feito ontem pelo governador Roberto Requião, em Curitiba, durante uma cerimônia de entrega de equipamentos hospitalares para gestantes e recém-nascidos de alto risco. O decreto de intervenção estadual foi assinado no fim da tarde. O hospital acumula cerca de R$ 4 milhões em dívidas e está fechado desde quinta-feira por falta de recursos.
Segundo Requião, a intervenção foi a solução encontrada para proteger a população dos problemas criados pela “desorganização da administração do hospital e irresponsabilidade da prefeitura de Paranaguá” e deve ser definitiva. O governador levantou inclusive a hipótese de desapropriação do prédio centenário da Santa Casa.
A reabertura do hospital depende de uma série de avaliações e deve acontecer ainda este mês, de acordo com o secretário de Estado da Saúde, Cláudio Xavier. “O fim da discussão não significa que todos os problemas da Santa Casa estejam resolvidos. Provavelmente teremos de reabrir em etapas”, diz o secretário.
A parceria com a UFPR, que deve ficar responsável pelos recursos humanos e pela organização da nova administração do hospital, ainda não foi confirmada pela universidade. O diretor-geral do Hospital de Clínicas, Giovanni Loddo, presente na cerimônia em que o anúncio foi feito, disse que até então não estava sabendo do acordo. Segundo a assessoria da UFPR, a única pessoa que pode comentar o assunto é o reitor Carlos Moreira Júnior, que está em Brasília e não foi encontrado pela reportagem.
A prefeitura de Paranaguá não quis comentar o decreto de intervenção, mas o secretario Cláudio Xavier confirma que o repasse do município cortado desde março voltará a ser feito. A administração em parceria com a UFPR deve ser mantida até que um novo hospital, totalmente público, seja construído na cidade com financiamento já previsto pelo Paraná Urbano.
Para o provedor da Santa Casa, Olavo Muniz de Carvalho, a intervenção é bem-vinda. “Estamos felizes com a sensibilidade do governo. Também queremos a auditoria, para que tudo aqui dentro seja passado a limpo”, declara. Segundo Carvalho, restam hoje 10 pessoas internadas no hospital. A Santa Casa foi fundada há 169 anos e é a segunda mais antiga do país. É o único hospital do litoral com leitos de UTI conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS).