Sem dinheiro, hospital de Paranaguá paralisou atendimento e negocia solução com a Secretaria de Saúde do Paraná
A Santa Casa de Misericórdia de Paranaguá, no litoral do Estado, amanheceu fechada. Diante da incerteza de ter uma solução por parte do governo do Estado, por sete votos a um, o conselho deliberativo do hospital decidiu paralisar o atendimento da maternidade, pronto-socorro e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ontem mesmo. De acordo com o provedor do hospital, Olavo Muniz de Carvalho, as alternativas propostas pela Secretaria de Estado da Saúde, na última quarta-feira, não amenizariam a situação precária em que a instituição vinha funcionando e, por isso, o conselho optou pela suspensão.
Os pacientes que já estavam internados 27 na maternidade e 42 no hospital-geral continuarão sendo tratados até receberem alta, assegurou Carvalho. Os demais doentes que procuraram a Santa Casa, ontem, estavam sendo encaminhados aos postos de saúde 24 horas, mantidos pela Prefeitura, na Vila Divinéia e Serraria do Rocha.
A Secretaria de Estado da Saúde se propôs a agilizar a compra de medicamentos e insumos de uso diário, mas de acordo com Carvalho, a Santa Casa já havia encaminhado há mais de 60 dias uma relação dos medicamentos para o semestre, que até agora não foram repassados. Outra proposta do governo foi de estudar a possibilidade de ampliar o teto de Autorizações de Internamento Hospitalar (AIH’s) e fazer uma auditoria nas contas represadas para verificar a possibilidade de antecipar o pagamento.
Olavo de Carvalho admitiu que a decisão pelo fechamento foi uma maneira de forçar o governo do Estado a fazer a intervenção na Santa Casa e, dessa forma, assumir os custos para o atendimento mensal dos quase 750 pacientes.
O prefeito de Paranaguá, Mário Roque (sem partido), confirmou, ontem, que suspendeu o repasse de R$ 120 mil, firmado em convênio com a Santa Casa, porque, segundo ele, o hospital não prestava contas do dinheiro e, também, porque acabava direcionando grande parte da demanda para os postos de sa© úde do município.
Roque adiantou que, na segunda-feira, deve se reunir com o diretor de Sistemas de Saúde da secretaria, Gilberto Martin, para discutir a possibilidade de intervenção do governo na Santa Casa, com a cooperação da prefeitura. Hoje o assunto deve ser levado para análise do governador Roberto Requião (PMDB), como ficou acertado numa reunião ontem entre representantes da Saúde e o chefe da Casa Civil, Caíto Quintana. ”Temos de estar preocupados em manter o funcionamento do local. Intervenção não é punição, mas solução. Vamos avaliar alternativas. Esta foi uma determinação do governador”, disse Caíto através de sua assessoria.