As Santas Casas da Misericórdia nasceram no reinado de Dom João II. Dona Leonor, a rainha, fundou a primeira Santa Casa do mundo em 1498, em Lisboa.
No Brasil, a primeira Santa Casa foi criada em 1543 pelo português Braz Cubas, na vila de Santos, hoje São Paulo.
A Santa Casa do Rio de Janeiro foi fundada pelo padre José de Anchieta, em 1582. É a segunda mais antiga do Brasil.
Anchieta, beatificado em 1980, construiu com a ajuda dos índios algumas palhoças, para socorrer centenas de enfermos de uma esquadra espanhola, atacados de escorbuto.
Estas palhoças foram a origem do Hospital Geral da Santa Casa do Rio de Janeiro, cujos serviços médicos filantrópicos, sempre de excelente qualidade, vêm sendo prestados há mais de 400 anos.
A Santa Casa administra cinco hospitais; três educandários e duas casas geriátricas. Encontram-se, ainda, sob a sua responsabilidade, a gestão dos treze cemitérios municipais e do crematório. Sepulta indigentes e carentes.
Os cinco hospitais disponibilizam 1343 leitos e têm a obrigação imposta pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de oferecer atendimento superior a 60% da sua capacidade. A receita gerada por estes atendimentos é insuficiente para arcar com as despesas dos medicamentos e do material hospitalar.
A duas casas geriátricas acolhem duzentos idosos. Seu custo de manutenção é elevadíssimo.
A área educacional para crianças carentes proporciona, nos três educandários, cursos do maternal ao segundo grau, ensino profissionalizante e colônia de férias. A sua capacidade de atendimento está esgotada com 670 crianças.
Existem no Brasil quase 300 Santas Casas . Todas necessitam, com urgência, de amparo oficial. Apesar da sua importância no sistema nacional de saúde, não recebem do governo recursos compatíveis com a dimensão e a categoria das suas atividades filantrópicas.
Não fosse a dedicação dos irmãos, dos provedores, dos médicos, enfermeiros, abnegados assistentes sociais e funcionários administrativos, as Santas Casas, há muito, já não existiriam.
No caso específico da Santa Casa do Rio de Janeiro há de se ressaltar a competência e o desprendimento de Dahas Zarur que, nos últimos 50 anos, dedicou a sua vida à instituição.
Enquanto constatamos a situação de penúria em que se encontram as Santas Casas da Misericórdia, ficamos sabendo que a Presidência da República gastou, em apenas um ano, com cartões de crédito, mais de R$ 608 mil na compra de bebidas alcoólicas e alimentos ”refinados”, conforme auditoria do Tribunal de Contas da União.
Esses mesmos cartões de crédito corporativos serviram, no ano passado, para comprar vinhos e champanhe para o ex-ministro Luiz Gushiken .
Para subir nas pesquisas eleitorais, o presidente Lula, entre primeiro de janeiro e 23 de fevereiro deste ano, empenhou gastos em propaganda, no valor de R$ 52 milhões.
É uma tentativa de influenciar a opinião pública a seu favor e reconquistar os eleitores petistas, ambos indignados com a incompetência e a roubalheira que se instalaram no país.
A Constituição do Brasil garante nos seus artigos 196 e 205 que o acesso à saúde e à educação ”é direito de todos e dever do Estado” . Direitos básicos que não são respeitados pelo governo petista, eleito com a promessa de defender os pobres. Destinar às Santas Casas os recursos necessários para que continuem a missão assistencial que vêm exercendo desde o Brasil colônia é uma ótima oportunidade para o governo de a Constituição e resgatar os seus compromissos com os necessitados.