Responsável nos últimos 15 anos pela área de infecção hospitalar do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, a brasileira Denise Cardo afirma que a diferença entre os dois países no controle do problema é que, nos EUA, se aceita um nível muito menor de risco e há uma cobrança maior da sociedade. "Quando penso na diferença é o nível que se aceita como risco. Aqui (nos EUA), mais e mais, não se aceita que esse tipo de coisa aconteça. Quando acontece, há cobrança da sociedade", disse Cardo. Leia trechos da entrevista.
O que causa uma epidemia como essa de infecção por micobactéria que o Brasil enfrenta hoje?
Muitas vezes são várias coisas juntas. É complexo, mas não quer dizer que não é possível prevenir. Ainda mais numa situação como esta, que vem de alguns anos, e
É possível fazer um paralelo com os EUA?
O que vemos em surtos nos EUA é que as pessoas não sabem o que deveriam estar fazendo, falhas na priorização dos hospitais, porque às vezes aquilo não é uma prioridade e falha na fiscalização. Porque, mesmo que haja fiscalização, esses fiscais não sabem o que devem procurar (nos hospitais). A diferença entre Brasil e os EUA é o nível que se aceita de risco. Aqui mais e mais não se aceita que esse tipo de coisa aconteça e, quando acontece, há cobrança da sociedade. Controle de infecção é responsabilidade de todos: do diretor do hospital, do médico, da enfermeira, da pessoa que limpa o chão.
Há a questão dos hábitos dos profissionais.
Não é que os profissionais querem causar a infecção, mas causam por ignorância, desconhecimento. Outra coisa é o ponto de vista administrativo:não adianta ter todo conhecimento e não ter onde lavar sua mão, não ter luva suficiente, avental suficiente. É preciso apoio administrativo junto com esse conhecimento.