Por ser cidade-pólo regional, Londrina se beneficia do fluxo das freguesias vizinhas e até mais distantes que fazem aqui suas compras, assim como daqueles que investem em negócios na metrópole, em prejuízo de seus lugares de origem. Mas também é obrigada a dar a sua contrapartida em atendimentos. Caso de muitos serviços, destacadamente o hospitalar. Por isso as casas de saúde estão frequentemente lotadas, com pacientes sendo atendidos inclusive sobre macas, nos corredores. Há excesso de doentes e insuficiência de médicos, como mostrou reportagem de ontem deste Jornal. Mesmo os casos mais graves enfrentam o drama das longas esperas. Em todas as unidades básicas de saúde, conforme levantamento da Folha, o problema era a falta de médicos para atender à demanda nestes últimos dias. No caso da esfera de atendimento municipal, a Secretaria da Saúde informa que há dificuldade em contratar médicos, porque exige-se jornada integral de 8 horas e os salários não atraem, por isso os profissionais buscam outras opções. Se a cidade ostenta a marca da excelência em atendimentos de saúde, pela qualidade instalada dos hospitais, clínicas-hospitalares, prontos-socorros, laboratórios, bem como renomados profissionais da área médica, atrai até por essa condição doentes de toda a região e até de outros Estados, e superlota-se. O Hospital Universitário, que é um núcleo de enisno do curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina, mantém essa característica fundamental porém está convertido no ”hospital dos pobres”, porque dá atendimento gratuito e por isso enfrenta constante problema de superlotação. O mesmo ocorre com o Hospital de Câncer, agora em campanha por ajuda financeira de todos, porque opera com insuficiência financeira. Sua ampla ante-sala está sempre repleta de pacientes à espera, porque mesmo com a estrutura física do seu serviço médico-hospitalar, há mais procura do que disponibilidade. Os órgãos governamentais precisam voltar os olhos com mais atenção para esse problema de saúde em Londrina, elegendo prioridades nessa área, porque são muitos o que sofrem. Fórmulas existem e também muita disponibilização de dinheiro. Caso da CPMF, o imposto sobre movimentação financeira, que foi criado para o fim específico de atender à saúde pública, mas cuja arrecadação ou grande parte dela é desviada para outros fins. Com essa fortuna arrecadada e com menos esbanjamento da custosa máquina pública seria possível eliminar o problema e tanta dor. Se há muitos doentes e insuficiência de atendimento, embora a dedicação dos agentes de saúde, é porque os recursos públicos não são destinados com suficiência para essa finalidade mas prestam-se para os gastos supérfluos da estrutura governamental. Este é mais um momento de perguntar o que fazem os parlamentares, que passam longe de um problema como este, quando deveriam mobilizar-se para municiar com as verbas necessárias este setor vital. É hora de a sociedade organizada mobilizar-se e fazer-lhes cobranças. (A propósito do Editorial de ontem, médicos afirmam que, de fato, a média que auferem dos Planos de Saúde, por consulta, é R$ 20, mas que o SUS só paga R$ 7,55).