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À venda, laboratórios Medley e Teuto devem alterar o ranking do setor

Mais mudanças a caminho no setor de laboratórios farmacêuticos nacionais. Dois meses após a venda do Biosintética para o Aché, outros dois laboratórios estão em processo de transferência de controle: o Medley, sexto maior no ranking do setor, e o Teuto, 42º.

 

            O Medley, precursor na fabricação de medicamentos genéricos, era líder absoluto nesse segmento até meses atrás, quando perdeu espaço para o também nacional EMS Sigma-Pharma, quarto maior no ranking farmacêutico. Dos 20 genéricos mais vendidos, 10 são do Medley, segundo dados da consultoria IMS Health. O segmento é o que mais cresce na indústria farmacêutica brasileira.

 

            O laboratório negou que esteja à venda, mas, segundo o Valor apurou, a empresa contratou o Banco Pactual e o escritório de advocacia Pinheiro Neto para assessorá-lo na venda, procurando interessados. As primeiras propostas, indicativas, deverão ser recebidas até o Natal. As três melhores serão selecionadas e passarão a uma segunda etapa do processo. O valor do negócio é estimado em R$ 700 milhões.

 

            Os três "finalistas" terão acesso aos dados financeiros e de mercado do Medley e apresentarão uma nova proposta. A expectativa é de que a venda seja concluída até o fim do primeiro trimestre de 2006. Entre os potenciais interessados estão Novartis, Merck alemã e Schering Plough. Embora o brasileiro Aché tenha sido convidado a participar do processo, fontes que acompanham a negociação afirmam que talvez o laboratório não tenha poder de bala no momento, já que acaba de adquirir o Biosintética por cerca de R$ 500 milhões.

 

            A aquisição do Medley pode mudar o ranking do setor farmacêutico, hoje liderado por Aché (somando-se o faturamento de Biosintética), com R$ 1,3 bilhão em vendas. A Novartis, por exemplo, saltaria de quinto para o primeiro lugar no ranking, com vendas de R$ 1,54 bilhão, de acordo com dados IMS Health dos doze meses encerrados em outubro (último dado disponível). A Schering Plough subiria de oitava para a terceira posição, com vendas de R$ 1,2 bilhão.

 

            Uma fonte do setor diz que o Medley pode também ser uma oportunidade para a entrada no Brasil da fabricante israelense Teva, gigante da área de genéricos que desembolsou em julho US$ 7,4 bilhões na aquisição da norte-americana Ivax Corporation. Com a aquisição, a Teva voltou à liderança mundial em genéricos, perdido para a suíça Novartis em janeiro.

 

            O Medley é uma empresa familiar. Foi fundado em 1932 e está hoje nas mãos da família Negrão, dos irmãos Guto e Xande, pilotos em corridas de carro, e seu pai. Tem duas fábricas, ambas no interior paulista – em Sumaré e em Campinas -, e produziu 94 milhões de unidades em 2004.

 

            O laboratório, que nos últimos cinco anos passou de 28º lugar no ranking para 6º, teve sua gestão profissionalizada há cerca de quatro anos. O problema da sucessão, portanto, já está resolvido. A decisão de alienar o controle, segundo apurou o Valor, está relacionada ao momento aquecido para fusões e aquisições, nos mercados interno e externo.

 

            O Teuto, outro laboratório familiar, também quer aproveitar a boa fase do mercado. Há cerca de um ano, o grupo vem colocando em prática uma reestruturação de suas finanças. A dívida chegava a R$ 50 milhões, grande parte já vencida, com bancos como Unibanco, BankBoston, Itaú e Banco do Brasil. O débito foi alongado para 36 meses, com 12 meses de carência. As instituições também aceitaram reduzir em dois pontos percentuais a taxa de juro da dívida.

 

            No processo de reestruturação, o acionista controlador Valtercyr de Mello saiu da presidência e transferiu a gestão para o executivo Nilo Cecco. Segundo o Valor apurou, dois fundos de participações em empresas ("private equity") já demonstraram interesse na aquisição, embora o grupo negue a venda.

 

            A unidade de produção do Teuto está localizada em Anápolis (Goiás), em um complexo com 105 mil metros quadrados. O laboratório, que está com capacidade ociosa atualmente, lançou este ano 30 novos produtos, sendo 17 genéricos, entre eles as cópias para digoxina (para insuficiência cardíaca) e fenitoína (anticonvulsivo). Segundo o Teuto, o laboratório tem uma participação de 10,5% nas vendas de medicamentos genéricos.

 

            No ano passado, o segmento de genéricos apresentou um crescimento de 42% em receita de vendas e de 30% em volume. Com o fim do prazo de patentes em alguns medicamentos, a expectativa é de que os genéricos continuem a crescer nos próximos anos.