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Auditoria aponta má gestão em hospital federal

Uma auditoria realizada entre 7 e 25 de junho de 2004 no Hospital dos Servidores do Estado (HSE), que é federal, revelou uma série de problemas na unidade, desde enormes filas para atendimento, que se formam ainda de madrugada, até a falta de profissionais e leitos desativados – exemplos de má gestão federal.

O relatório assinado pela Divisão de Auditoria do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, foi enviado à direção do hospital em fevereiro, recomendando a manutenção dos equipamentos e a criação de uma triagem médica para diminuir as filas de atendimentos. O relatório recomenda ainda que se cumpra a determinação do ministério no que se refere à quantidade de profissionais de acordo com número de consultórios e especialidades.

Centro de Neurocirurgia nunca funcionou

No documento, os auditores listam uma série de equipamentos parados ou com problemas de manutenção. Um exemplo são os três endoscópios do HSE: apenas um deles estava funcionando. O Centro de Neurocirurgia foi construído há quatro anos, mas nunca funcionou. No total, 15 salas permanecem fechadas. O investimento foi de R$ 7 milhões.

O diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Arthur Chioro, disse que, antes mesmo de receber o relatório da auditoria, providências já estavam sendo adotadas. Foram investidos R$ 1,8 milhão no conserto de equipamentos. Em 2005, os investimentos vão somar R$ 5 milhões. Segundo ele, os equipamentos de endoscopia e raios X estão funcionando, além da produção de consultas ter aumentado.

– Não encaramos o relatório de uma auditoria como punição, mas como uma ajuda para fazer melhorar – disse Chioro. – Estamos contratando funcionários para suprir a deficiência, mas é preciso ficar claro que os problemas do Hospital dos Servidores são crônicos.

O secretário municipal de Saúde, Ronaldo Cezar Coelho, disse que o funcionamento do pronto-atendimento do HSE ajudaria o atendimento no Hospital Souza Aguiar (municipal), que fica a apenas três quilômetros de distância.

Unidade estadual sem platina

Célia Costa

Três meses e meio depois de ter sofrido um acidente de moto, Roberto Oliveira, de 27 anos, ainda está com o braço esquerdo fraturado e sem os movimentos da mão. A peregrinação do motoboy em busca de atendimento começou no dia 12 de dezembro, quando ele foi levado para o Hospital Pedro II, da rede estadual, em Campo Grande. Por duas vezes, os médicos chegaram a marcar a cirurgia para a colocação de pinos de platina, mas, por falta do material, a operação foi desmarcada. Sem poder trabalhar, somente ontem o rapaz conseguiu uma chance de atendimento.

O secretário estadual de Saúde, Gilson Cantarino, determinou que seja feita a apuração do que ocorreu no Pedro II no caso de Roberto Oliveira. Segundo a secretaria, o hospital não tem problema de abastecimento de medicamentos e insumos. A diretoria da unidade mudou na semana passada. Atualmente, está sob o comando de Marco Aurélio da Costa, substituto de Paulo Pelegrino, que estava no cargo até sexta-feira da semana passada.

Segundo a secretaria, os hospitais da rede estadual podem recorrer ao Redefes – um fundo administrado pelo estado – em caso de falta de medicamentos e outros insumos. Para a rede estadual, os recursos podem chegar a R$ 800 mil.

Roberto contou que, após receber o atendimento de emergência no Pedro II em 12 de dezembro, os médicos colocaram um fixador externo porque não havia a peça de platina. Um mês depois, quando mandaram que ele voltasse ao hospital, o fixador foi retirado, mas ainda não havia o material.

No dia 14 passado, Roberto foi ao Pedro II para se submeter à cirurgia que ele tanto esperava. Mas, mesmo depois de deitado na maca, pronto para ir para o centro cirúrgico, foi informado por um médico de que não havia platina e ele teve que ir embora para casa sem qualquer promessa de que seu problema fosse resolvido.

– Os próprios médicos mandaram que eu procurasse um hospital com mais recursos para fazer a cirurgia. Estou com o braço todo torto e com a mão paralisada. Por causa disso, não consigo emprego.

No fim da tarde de ontem, técnicos da secretaria entraram em contato com Roberto para que ele retorne ao Pedro II para fazer a avaliação médica de seu problema.