O Brasil é o nono país do mundo em número absoluto de mortes causadas por doenças cardíacas, segundo relatório publicado ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra, na Suíça. Em 2002, foram 139.600 mortes em decorrência de problemas do coração no País. A situação mais grave é a da Índia que registra 1,5 milhão mortes/ano com causas cardíacas. A posição do Brasil é ruim também no ranking de derrame cerebral: ocupa o sexto lugar no mundo, com 129 mil casos.
Domingo é o Dia Internacional do Coração. A OMS espera que o estudo divulgado agora sirva de base para novas políticas governamentais.
Segundo a entidade, doenças cardíacas e derrames matam 17 milhões de pessoas por ano, o que representa quase um terço de todas as mortes registradas anualmente. Até 2020 a OMS estima que essas doenças se tornem a principal causa de morte no mundo, com 20 milhões de vítimas/ano. Em 2030, seriam 24 milhões.
A preocupação da OMS com o estilo de vida nos países ricos é evidente e os dados mostram que os índices de problemas cardíacos nesses locais são, porcentualmente, mais elevados do que nos países emergentes. A Alemanha, com cerca de metade da população brasileira, teve mais mortes por doenças cardíacas em 2002 do que o Brasil. Nos Estados Unidos, com 20% da população da China, o número de mortes é próximo aos índices de Pequim.
tratamento A injeção de células-tronco no coração de pacientes cardíacos graves além de criar novos vasos sangüíneos é capaz de regenerar o tecido muscular do órgão, constataram médicos do Hospital Pró-Cardíaco, do Rio. O estudo que deu origem à descoberta é inédito no mundo e pode dar nova esperança a doentes que precisariam de transplante.
A equipe, formada por especialistas do hospital e da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vem pesquisando desde o fim de 2001 a utilização de células-tronco retiradas da medula óssea do próprio paciente e aplicadas em áreas do coração que sofreram isquemia. Dois meses após a aplicação foi verificado o surgimento de novos vasos, garantindo maior irrigação do órgão.
Passado um ano surgiram células no músculo cardíaco, mostram exames feitos num paciente que acabou morrendo (de acidente vascular cerebral) e o monitoramento da atividade elétrica do coração de outros quatro pacientes submetidos a esta técnica. “Ficamos muito surpresos. O aparecimento de novas células musculares foi muito além do que esperávamos”, disse Radovan Borojenic, professor do Centro de Ciências Biomédicas da UFRJ.
As células-tronco são injetadas diretamente no coração. A aplicação é feita depois que um sistema de mapeamento determina a localização exata do ponto a ser regenerado, que deve conter células de músculos cardíacos e vasos, usados como “modelo” para as células-tronco. Os pacientes submetidos ao tratamento livraram-se do transplante.