A atenção é especial quando as denúncias envolvem profissionais da área da saúde, que lidam com o bem maior, a vida. No Conselho Regional de Medicina (Cremers), entre junho de 2005 e maio de 2006, foram abertas 516 sindicâncias e realizados 34 julgamentos de médicos flagrados em condutas eticamente incorretas. De 2003 para cá, houve duas cassações. Um desses profissionais chegou a conseguir na Justiça o direito de voltar, mas a partir de uma resolução do Conselho Federal de Medicina, houve a interdição cautelar do direito de atuação.
Hoje, tramitam no Cremers 228 casos sendo investigados. Mas a exclusão dos quadros da entidade é uma medida extrema. Na maioria das vezes, quem fere o artigo 22 da Lei Federal 3.268/57 pode sofrer punições mais leves, como advertência confidencial, censura pública e suspensão do exercício profissional até 30 dias. O acusado tem amplo direito de defesa e os processos duram cerca de dois anos.
A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren/RS), Maria da Graça Piva, ressalta que aumentou o número de denúncias recebidas nos últimos três anos. A média, que já foi de três mensais, saltou para entre 30 e 40. ‘Isso se deve ao nosso comprometimento em dar resposta ao pleito.’ A maior parte é de familiares que reclamam mau atendimento dos profissionais, e ainda dos próprios enfermeiros, com questões institucionais. Durante a gestão de Maria da Graça houve só uma cassação de registro profissional, mediante acusação de estupro.