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Descapitalizada, classe média parte para SUS

A saúde privada vem sendo privilégio de um grupo cada vez menor. O motivo é a crise financeira. Sem dinheiro para bancar a medicina particular, famílias de classe média têm partido atrás do atendimento público. Como resultado disso, a saúde básica em Cascavel teve um crescimento real de 13,7% nos últimos quatro anos. Em 2000, foram realizados 1,355 milhão de procedimentos, no ano passado, foram 1,642 milhão.
“Quando é uma emergência, ou precisamos fazer um exame e não podemos enfrentar a fila, pagamos pelo serviço. Porém, no dia a dia, nos voltamos ao serviço do SUS”. A declaração é da dona de casa Elizabete Torres Rocha, que mora na região central de Cascavel. Ela admite que já tentou, diversas vezes, fazer um plano de saúde para sua família, mas não tem condições de bancar os custos. “Um plano para minha família não vai sair por menos de R$ 400 por mês. Não dá para pagar tanto”, observa. “Os mais baratos, não têm alguns serviços e acaba não compensando”, acrescenta.
O mesmo drama vive a dona de casa Patrícia Penteado de Souza, 22 anos. Ela sabe bem o custo da medicina privada, já que teve que fazer, recentemente, um tratamento no seu filho que tem problemas cardíacos. “Fizemos tudo particular. Não podíamos esperar. Mas é muito caro”, comenta. “Agora, usamos o posto de saúde do bairro. Quando não tem médico, como hoje, vamos atrás de outro posto”. Ela e sua sobrinha, Sueli da Silva, 21, não conseguiram uma consulta com pediatra no posto do Bairro Santa Felicidade e foram buscar atendimento no posto do Parque São Paulo. “O problema da saúde pública é esse. Você chega às 13h30 e passa a tarde esperando o atendimento”, reclama Sueli.
O diretor da Secretaria Municipal da Saúde, Reginaldo Roberto Andrade, observa que o crescimento também se dá por ampliação dos serviços ofertados e até mesmo pela demanda de pacientes de cidades da região, que fornecem o endereço de parentes ou amigos para obter o atendimento em Cascavel.
“Foram criados novos serviços, a criação do Caps (Centro de Atendimento Psicossocial), o Cedip (Centro Especial de Doenças Infectoparasitárias) foi reestruturado, por isso houve crescimento da demanda, mas, sem dúvida, boa parte dessa procura foi de pessoas que deixaram de pagar plano de saúde e vieram para o serviço público”, destaca.

DEMANDA
Saúde atende “seis”
cidades de Cascavel

O total de procedimentos realizados ao longo de 2003 equivale a mais de seis municípios de Cascavel. Conforme dados da Secretaria Municipal da Saúde, foram realizados 1,642 milhão de procedimentos, entre consultas e exames, numa média de 6,279 atendimentos por pessoa. Em 2000, a média era de 5,522.
O total de consultas também teve crescimento no período. Foram realizadas 495,6 mil consultas em 2003, contra 354,1 mil no ano de 2000. Se considerar o crescimento populacional, houve um aumento real de 31,3% no período.
A principal variação foi percebida na pediatria, com 95% de crescimento nos quatro anos. Apesar desse crescimento, a pediatria é uma das áreas que mais apresenta queixas por parte da população quanto à dificuldade em obter atendimento.

SOB CONTROLE
Educação suporta demanda
Outro serviço que é “cortado” do orçamento familiar, só que com menor intensidade que a saúde, é a educação. No entanto, a rede pública, tanto estadual quanto municipal, tem absorvido a demanda.
A rede municipal de ensino, que atende do pré-escolar à 4a série do Ensino Fundamental, o crescimento das matrículas este ano é de 0,8% em relação ao término das aulas de 2003. Foram computadas 23.328 matrículas. Toda a demanda é absorvida, com exceção da educação infantil (creche e pré-2), onde apenas a metade da procura tem vaga.
Já a rede estadual registrou um crescimento maior. Em Cascavel, as matrículas tiveram um aumento de 7% este ano, enquanto que na região do NRE (Núcleo Regional de Educação) foram apuradas 8,4% matrículas a mais. Apesar de nem sempre garantir vagas nas escolas que os pais desejam, todos os alunos são atendidos, mesmo que em outros bairros.