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Diversidade nem sempre é sinônimo de riqueza

          Em certo sentido, a diversidade encontrada no Brasil é positiva. O meio ambiente, por exemplo, nos põe em situação de honra no panteão das nações, pela riqueza da nossa fauna, flora, bacias hidrográficas e solo. Baste a Amazônia para falar da nossa multidiversidade natural.

    São igualmente motivo de orgulho nacional a nossa pluralidade étnica e cultural. Já não podemos dizer o mesmo da variada paisagem social, marcada por contrastes que vão da extrema pobreza à extrema opulência, disparidades cristalizadas ao longo de décadas por instituições omissas, incapazes de universalizar as oportunidades, e de conter, entre outros cânceres, a corrupção que suga os recursos públicos, como têm revelado as CPIs do Congresso e operações da Polícia Federal, a exemplo da Navalha na Carne. Se, no primeiro caso, diversidade é sinônimo de riqueza; neste, o é de pobreza.
     Não menos preocupante, pelos efeitos nocivos, é a desigualdade gritante entre os setores da nossa economia. Enquanto a maioria das empresas mal consegue sobreviver, há segmentos que registram taxas de mais de 10% ao ano, como se estivessem em outro país.
   A recente publicação dos balanços das companhias de capital aberto mostra que a Cia Vale do Rio Doce mais que dobrou o seu faturamento, nos últimos três anos, saltando de R$ 19,4 bilhões para R$ 45,2 bilhões. Há registros ainda mais extraordinários apresentando crescimento de 217% em três anos. Caso da incorporadora e construtora Cyrela, cujo faturamento passou de R$ 130 milhões, em 2003, para R$ 1 bilhão, no ano passado. Entre as primeiras da lista, depois da Vale, estão a AmBev, o Itaú, a Cemig, a TAM, a Copel, a Caraíba Metais, a Weg, a Natura e a Suzano Petroquímica.
       Sem dúvida alguma, esses grupos trabalham com modernas estratégias de gestão, planejamento, fazendo uso inteligente das informações contábeis, mas seus méritos são maiores quando sabemos que o ambiente econômico não é nada favorável, impondo carga tributária e juros altíssimos, excessos fiscais e burocráticos, e, nesse momento, câmbio desmotivador. 
     Indicador das adversidades do ambiente de negócios no Brasil é o Relatório de Competitividade Mundial, elaborado pelo International Institute for Management Development, que coloca o Brasil em 49º. lugar em uma lista de 55 países, avaliados pelo grau de incentivo aos negócios. A causa da nossa baixa pontuação pode ser resumida assim:  ambiente regulatório e infra-estrutura ruins.
     Ficamos imaginando o volume dos ganhos sociais e econômicos, se todos os setores da economia crescessem, não necessariamente a um ritmo chinês, como as empresas citadas, mas a taxas de pelo menos 5%.  São quatro milhões de empresas formais e outro tanto de informais. A realidade, porém, é triste: A maioria dos negócios que se instalam no país fecha antes do segundo ano de vida.

     Resta torcer pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa de Desenvolvimento da Educação e, corrigidas as contradições, pela Lei Geral das Micro e Pequena Empresas.
     


Maurício Fernando Cunha Smijtink é Contador, empresário da contabilidade e presidente do CRCPR; e-mail: mauricio@crcpr.org.br