Mudanças climáticas e doenças estarão em debate na inauguração do I Ciclo de Palestras sobre Saúde e Meio Ambiente, que vai ocorrer no dia 2 de julho, a partir das 19h30, e tem por objetivo propagar a consciência da relação entre a degradação ambiental e a proliferação de doenças, envolvendo para isso principalmente os médicos e demais profissionais de saúde. A primeira etapa terá lugar no auditório do Conselho de Medicina, em Curitiba (Rua Victório Viezzer, 84, Vista Alegre), com transmissão on-line por videoconferência para a Delegacia Regional do CRM de Maringá. Nas próximas etapas haverá transmissão também para Londrina.
Serão palestrantes o Prof. Dr. Paulo Hilário Nascimento Saldiva, Doutor em Patologia, professor titular da disciplina de patologia pulmonar da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, pesquisador da Fiocruz e PhD em Climatologia, que vai abordar o tema “Poluição e saúde humana”, e o Prof. Dr. Francisco de Assis Mendonça, PhD em Epistemologia da Geografia, Doutor em Clima e Planejamento Urbano, pesquisador e professor titular do Departamento de Geografia da UFPR. com a linha de pesquisa “Os efeitos das chuvas e a dengue no Paraná”. Ele vai discorrer sobre “Uma Abordagem sobre a Dengue no Paraná”.
A iniciativa é do Conselho Regional de Medicina do Paraná, com apoio da Unimed Paraná e Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Paraná. As inscrições são gratuitas, mas as vagas são limitadas e podem ser feitas on-line (no site WWW.crmpr.org.br/saudeemeioambiente). Informações adicionais podem ser obtidas pelo fone (41) 3240-4026 ou por e-mail (auditorio@crmpr.org.br). Haverá a emissão de certificado de participação nos eventos, inclusive para os não-presenciais.
Próximas edições
As próximas etapas do I Ciclo de Palestras devem ser realizadas em agosto, setembro, outubro e novembro deste ano, com temas e datas a serem definidos, cumprindo o objetivo de abordar as mudanças climáticas e suas conseqüências para a saúde pública, como a incidência e o aumento de doenças, sendo exemplos o recrudescimento da dengue, febre amarela, cólera, malária e tuberculose, dentre outras. Além da apresentação de novos cenários ecológicos mundiais, entre os temas sugeridos para as edições seguintes estão “agrotóxicos” e “bioética”. Sugestões poderão ser apresentadas pela própria sociedade e participantes. As palestras são direcionadas não somente a médicos e demais profissionais de saúde e meio ambiente, mas a estudantes e demais interessados em contribuir para melhores indicadores à qualidade de vida da atual e futuras gerações.
Gerson Zafalon Martins, presidente do Conselho de Medicina do Paraná, diz que as instituições médicas estão cada vez mais preocupadas com a formação dos profissionais, desenvolvendo atividades de atualização que contribuam para a sua consciência humanística e de responsabilidade social. “Os médicos devem ter como alvo a saúde do ser humano. Assim, é indispensável discutir temas que contribuam para uma melhor atenção à população. Muitas doenças estão sendo combatidas como endemias. Porém, outros estudos precisam e devem ser feitos, dinamizando ainda mais os fatores do clima e as doenças decorrentes”, diz.
De acordo com o presidente da Comissão de Ecologia e Meio Ambiente da AL, médico e deputado Luiz Eduardo Cheida, a jornada de palestras certamente vai promover benefício para todos, de médicos à comunidade de modo geral. Ele destaca que será realizada a contagem de emissões de poluentes à natureza, decorrentes dos eventos e que as perdas contabilizadas serão “neutralizadas” pelas entidades organizadoras e todos aqueles que queiram contribuir para a melhoria do meio ambiente. Explica que a “compensação” das emissões será feita com o plantio de árvores, cujas mudas serão providenciadas pela própria Comissão de Ecologia e Meio Ambiente.
Histórico
Em 1992, o Protocolo de Kyoto estava elaborado. Na época, o Planeta já demonstrava altos índices de concentração de gás carbônico na atmosfera. O “efeito estufa” já era uma realidade mundial e nós, a humanidade, já tínhamos nossa grande parcela de culpa pela situação. Desde o início do século passado, quando se iniciou revolução industrial e prosperou a utilização dos motores à combustão com gasolina, o processo só vêm aumentando. Tanto que o gás carbônico, expelido por esta combustão, já aumentou cerca de 25%, provocando um aumento de 1,4ºC na temperatura do Planeta. A situação mais dramática já está sendo percebida por meio dos aumentos dos níveis dos oceanos, furacões, degelos dos pólos, aumento de chuvas e secas, como conseqüência, mais doenças e mais mortes.
Não é de hoje que as inter-relações entre população, recursos naturais e desenvolvimento são objeto de preocupação social e estudos científicos. Desde há muito, as exigências cada vez mais complexas da sociedade moderna vêm acelerando o uso dos recursos naturais, resultando em danos ambientais que colocam em risco a sobrevivência da humanidade no planeta. O mau-uso dos recursos tem provocado alterações climáticas bruscas, que por sua vez adoentam a população.
Saúde e meio ambiente e as enfermidades relacionadas são assuntos preocupantes para o novo milênio. Períodos prolongados de seca e alterações climáticas bruscas fragilizam cada vez mais habitats de espécies animais e vegetais no Planeta Terra. Em maio de 2008, durante a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), na Alemanha, foram discutidos assuntos relacionados à destruição dos recursos animais e vegetais. Atualmente, estão ameaçados um em cada quatro mamíferos, uma em cada oito aves, um terço dos anfíbios e 70% das plantas. O desaparecimento de espécies animais e vegetais custa por ano 6% do Produto Nacional Bruto (PNB) mundial, ou seja, dois bilhões de euros, de acordo com a pesquisa “A economia dos sistemas ecológicos e da biodiversidade”, publicado pela revista Der Spiegel.
Os países pobres serão os mais afetados porque geralmente não tiram proveito algum do uso de seus recursos e dos conhecimentos de suas comunidades indígenas por parte dos grandes grupos industriais para seus produtos comerciais ou novas medicinas. Um dos objetivos da Convenção da ONU é definir regras para dividir o uso desses recursos genéticos. A conferência seguirá até o dia 30 de maio e deverá estabelecer um “guia” para concluir antes de
No entanto, o desmatamento também será discutido na conferência, além de sua relação com o clima, já que este fenômeno acentua ainda mais o efeito estufa gerado pela emissão de gases poluentes. A cada ano se perde uma superfície florestal equivalente a três vezes a Suíça. As florestas tropicais, as mais ameaçadas, são responsáveis por 80% da biodiversidade do mundo.